• Cotidiano

    Thursday, 02-May-2024 02:44:06 -03

    Estupro comprovado terá punição, afirma diretor de faculdade da USP

    NATÁLIA CANCIAN
    CLÁUDIA COLLUCCI
    DE SÃO PAULO

    15/11/2014 02h00

    Em meio a denúncias de estupro em festas na Faculdade de Medicina da USP, o diretor da instituição, José Otávio Costa Auler Jr., disse que todos os casos que "chegaram oficialmente" à unidade serão apurados e prometeu medidas de apoio às vítimas e punição aos agressores.

    "Fazemos questão que tudo seja apurado e os culpados, punidos. Estamos abertos a receber cada uma das vítimas e apoiá-las", afirmou à Folha -ele aceitou dar entrevista somente por e-mail.

    É a primeira vez que Auler Jr. concede entrevista após três alunas relatarem, na Assembleia Legislativa, terem sido vítimas de estupros em festas dentro do campus. Elas também disseram que sofreram pressão para "não manchar a imagem da instituição".

    Auler Jr. nega que as denúncias tenham sido abafadas e diz que a faculdade, "em nenhum momento, procurou ocultar qualquer problema".

    "Proteger as vítimas é nossa prioridade. Se alguma coisa mancha a imagem da instituição é que casos de violência ocorram no campus."

    O diretor disse que espera a conclusão de sindicâncias antes de tomar medidas.

    "Até que isso aconteça, não podemos realizar nenhuma punição. Mas, se ficar comprovado que algum aluno abusou, estuprou ou cometeu alguma outra falha grave, será punido. Em último caso poderá até ser expulso."

    Em um dos casos, uma aluna alega ter sido estuprada por um funcionário terceirizado numa festa em 2011. Uma sindicância sobre o caso foi aberta só em 2013.

    Questionado, Auler Jr. negou demora na apuração e disse que a direção não tinha sido informada oficialmente.

    "Todos os casos que chegaram ao nosso conhecimento foram objeto de apuração. O ritual das sindicâncias leva mesmo alguns meses, como em investigações normais, umas vez que todas as partes precisam ser ouvidas. Mas ficamos impossibilitados de apurar casos que não chegaram a nós por nenhum dos mecanismos existentes." O número de casos investigados não foi informado.

    Para combater o problema, o diretor afirma que a faculdade planeja instalar mais câmeras e adotar regras para o consumo de bebidas alcoólicas em festas no campus, além de realizar campanhas de conscientização.

    Outra aposta é um centro de apoio às vítimas, anunciado na quarta (12). A previsão é que o espaço comece a funcionar em até 40 dias. Para Auler, a medida "dará agilidade" às investigações.

    "Ele é pioneiro e acreditamos que possa ser adotado em outras faculdades no país. Sabemos que este não é um problema restrito à faculdade."

    Os abusos geraram reações na USP. Funcionários iniciaram campanha com cartazes de repúdio. Nesta sexta (14), profissionais do Departamento de Medicina Preventiva divulgaram nota de indignação.

    Na quinta (13), o professor Paulo Saldiva, presidente de uma comissão que apura os casos, anunciou seu afastamento da instituição por estar "cansado de engolir sapo".

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024