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    'Cama não me impede de fumar pedra', diz dependente na cracolândia

    GIBA BERGAMIM JR.
    DE SÃO PAULO

    20/11/2014 02h00

    "Tenho uma cama e um cano com água para tomar banho. É um conforto, mas não vai me impedir de fumar pedra", disse à Folha um viciado que diz ter entrado no programa Braços Abertos.

    Ele, que não quis se identificar, afirmou trabalhar quase todos os dias em busca dos R$ 15 por dia e de uma vaga em um dos hotéis. Manco da perna esquerda por causa de um acidente, afirma estar na cracolândia há anos.

    "Nada vai adiantar sem ajuda da família", diz. Calou -se quando a Folha questionou onde estariam seus parentes. "Estou aqui desde que saí da cadeia", afirmou.

    Irritado, questionou à reportagem o que seria publicado. Na mesma hora, abriu sua mochila e mostrou um facão guardado ali.

    Outro dependente diz ter sido um dos primeiros a entrar no programa da prefeitura, mas abandonou porque prefere trabalhar como catador. "Não acho que vai funcionar. Comida e um lugar para dormir não vão acabar com o fluxo. A gente precisa de ajuda de verdade, com apoio psicológico", afirmou.

    Comerciantes da região dizem duvidar das reais chances de recuperação de dependentes com os programas instalados na região.

    "O Haddad até teve boa vontade, mas a gente vê que são poucos os que seguem no programa sem usar droga. E há muitos que estão roubando por aí", disse Robério Gonçalves, 31, dono de uma loja ao lado do fluxo.

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