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    Rio de Janeiro

    Preso líder comunitário suspeito de liderar invasão do Minha Casa, Minha Vida

    BRUNA FANTTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

    21/11/2014 10h58

    Policiais civis prenderam nesta sexta-feira (21) o presidente da associação de moradores da favela Gogó da Ema, localizada na zona norte do Rio.

    Carlos Henrique de Oliveira, 69, é acusado de promover a invasão de um condomínio do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida, localizado próximo à favela, em Guadalupe.

    O condomínio foi invadido por 200 famílias das favelas Gogó da Ema, Chapadão, Pedreira e Final Feliz –todas localizadas nos arredores do empreendimento habitacional do governo federal, que tem 11 prédios e 204 apartamentos. A ocupação contou com o aval dos traficantes de drogas da região, segundo a polícia. Já os invasores negam esse auxílio.

    "O nome do Carlos [Oliveira] já aparece em outro inquérito, datado de julho e que ainda está em andamento. Nele investigamos fraudes nesse programa habitacional. Há a suspeita de que ele distribuía senhas para as pessoas com a promessa de que elas ganhariam um apartamento, mediante pagamento", disse o delegado Hércules do Nascimento, responsável pela prisão.

    No caso da invasão de Guadalupe, Nascimento diz que testemunhas apontaram Oliveira como um dos líderes da invasão. Além disso, 15 cápsulas vazias de fuzil calibre 762 foram encontradas na sede da associação de moradores.

    "Eram para vender para o ferro-velho", afirmou Oliveira à Folha. "Não tenho envolvimento com o tráfico e não participei da invasão. Esse é o Brasil. Nem me escutar querem, só me incriminam sem provas. Não posso nem pedir um defensor público", disse, em uma sala na delegacia.

    Além de Oliveira, a polícia aponta Paulo Aquino, que chegou a ser candidato a deputado estadual pelo PDT nas últimas eleições, como líder da invasão. A polícia ainda não o encontrou.

    DESALOJADOS

    Após autorização judicial, os prédios foram desocupados de forma pacífica, na última quarta-feira (19). A maioria das pessoas voltou para barracos nas favelas de origem. Alguns invasores, no entanto, ainda não têm onde morar e estão ao relento.

    É o caso de cerca de 80 pessoas que estão acampadas em um matagal nos fundos da favela Terra Prometida, composta por cerca de 100 barracos feitos de tapumes, ao lado do conjunto invadido.

    Há dois dias, bebês, mulheres grávidas e idosos dividem colchões jogados no chão de barro, ao lado de cachorros, sofás, geladeiras e fogões.

    Mãe de cinco filhos com idades entre 11 e 19 anos, Paula Rodrigues de Oliveira, 38, disse que não tem mais como pagar aluguel.

    "Estava de favor em um barraco no Gogó da Ema. Tudo o que tenho, colchão e armário, está aqui. Trabalhava como faxineira em um hotel, mas está difícil arrumar emprego", afirmou. Ela afirma que está no cadastro do Minha Casa, Minha Vida há três anos, mas espera o sorteio.

    Nesta sexta-feira (21), após a operação policial para prender Oliveira, uma ordem, oriunda supostamente de traficantes, teria determinado que os moradores saíssem do acampamento improvisado.

    Assim, quem estava no acampamento pediu abrigo a moradores da favela Terra Prometida.

    Na operação policial desta sexta-feira (21), que mobilizou mais de 100 policiais e dois helicópteros, foi preso Davi Conceição Carvalho, acusado de ser um dos chefes do tráfico da favela do Chapadão, também na zona norte.

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