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    De volta, mentor critica programa anti-crack de São Paulo

    MONIQUE OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    22/11/2014 02h00

    O psiquiatra Dartiu Xavier, professor da Unifesp e diretor do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes) da instituição, vai retornar ao programa "Braços Abertos", projeto da Prefeitura de São Paulo destinado à recuperação de dependentes de crack.

    O especialista prepara um curso de sete meses, com início em 2015, para treinar agentes de saúde, médicos, psicólogos e policiais envolvidos na operação.

    Outra etapa é um estudo que irá traçar o perfil do paciente alvo do programa. "Precisamos saber exatamente quem está vinculado, quais são as doenças associadas e, assim, oferecer um tratamento focado", afirma.

    "Muitas vezes o principal problema é alcoolismo e não o crack", diz. "Não podemos trabalhar em cima de estereótipos".

    O especialista foi o mentor do "Braços Abertos", mas abandonou o projeto em fevereiro, um mês após ter sido implantado pela gestão Fernando Haddad (PT).

    Conhecido por preconizar o programa de redução de danos, em que o consumo da droga é tolerado, o psiquiatra criticou o despreparo de funcionários para lidar com recaídas e a contratação de ONGs sem experiência para lidar com a população.

    "Os funcionários estavam despreparados e muitos desconheciam totalmente a dinâmica do problema", diz. "A atitude era moralista, com gente chegando a falar que não falaria com o dependente se ele voltasse intoxicado", afirma Xavier.

    Outra crítica apontada pelo especialista é que o programa não tinha um planejamento de atendimento integral para a saúde. "É preciso levar em conta, por exemplo, as doenças psiquiátricas associadas à dependência, e a necessidade do tratamento de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis)."

    De volta ao projeto, o psiquiatra acredita que a iniciativa é pioneira, e que o modelo de reinserção social é o único com experiências de sucesso ao redor do mundo.

    No programa, a prefeitura oferece aos inscritos vagas em sete hotéis da região central, três refeições diárias, participação em frentes de trabalho, capacitação e renda de R$ 15 por dia. Nos finais de semana, há aulas de música, oficinas de arte e a prática de esporte.

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