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    Crise da água

    Limeira pede que moradores 'dedurem' vizinhos por desperdício de água

    JOSÉ MARQUES
    ENVIADO ESPECIAL A LIMEIRA (SP)

    26/11/2014 02h00

    Jorge Araujo/Folhapress
    A empresária Betty Coppe mostra com faz economia de água na sua casa
    A empresária Betty Coppe mostra com faz economia de água na sua casa

    Uma idosa esteve no centro de uma polêmica em Limeira (a 151 km de São Paulo). Vista lavando o carro na rua, ela foi advertida por vizinhos e jogou água no carro de um dos "fiscais" que reclamavam do seu desperdício.

    O episódio foi o campeão de reclamações, segundo a Ouvidoria do município, na campanha promovida pela prefeitura para que os próprios moradores fiscalizem o uso de água dos vizinhos.

    Em situação de emergência por causa da seca, a cidade já recebeu, desde outubro, 2.554 denúncias de desperdício e aplicou cerca de 150 multas –uma delas contra a senhora da história acima.

    A maioria dos casos é de lavagem de carros e calçadas, atividade proibida desde o mês passado. As multas chegam a R$ 400 e são aplicadas apenas quando há flagrante.

    "Para o resto das denúncias, é aberto procedimento administrativo", diz o prefeito Paulo Hadich (PSB).

    Apesar dos esforços da população, se as chuvas continuarem escassas nos próximos 30 dias, o desabastecimento será inevitável.

    Condomínios e moradores investem para evitar perdas.

    Elton Cavalieri, gestor de um condomínio que instalou dispositivos eletrônicos nos tanques para detectar desperdício conta que "agora, os vazamentos foram a zero". E o consumo caiu 30%.

    Já a empresária Bety Koppe comprou duas bombonas (galões de até 250 litros) para sua casa para reaproveitar a água da máquina de lavar roupa e a da chuva.

    Segundo o vendedor Dionísio Oliveira, antes seus clientes eram indústrias. Hoje, de 20 a 30 pessoas compram as bombonas diariamente.

    Há cerca de 40 dias, a cidade começou a captar água de um lago represado do ribeirão do Pinhal, para reforçar o abastecimento vindo do próprio ribeirão e do rio Jaguari.

    Hoje, a vazão do rio está em cerca de 10%. Com a baixa, a água que chega à cidade tem qualidade ruim e precisa ser misturada à do Pinhal antes de receber tratamento.

    O racionamento, embora não esteja descartado, não é bem visto pelas autoridades municipais. A justificativa é que, além de interromper o fornecimento, a falta de água suja os encanamentos, o que levaria ao descarte.

    "O importante é que as ações até agora possibilitaram que a gente não entrasse em racionamento", afirma Tadeu Ramos, diretor da concessionária Odebrecht Ambiental, que administra o abastecimento no município.

    Para ele, as campanhas de consumo racional devem permitir uma redução de 20% do consumo em novembro em relação ao mesmo mês de 2013.

    A prefeitura diz que fará obras de desassoreamento e de aumento do nível da represa do Pinhal até junho de 2015, e promete ampliar a captação em mais duas represas.

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