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    IPTU mais alto no centro velho pode mudar perfil de moradores

    ARTUR RODRIGUES
    GIBA BERGAMIM JR
    DE SÃO PAULO

    29/11/2014 02h00

    O aumento do IPTU poderá incentivar uma mudança no perfil de moradores e comerciantes do chamado centro velho da cidade de São Paulo -afastando os grupos mais pobres devido à elevação do custo com moradia.

    A avaliação é do setor imobiliário e de parte dos urbanistas. Ela se deve ao fato de distritos como Sé e República concentrarem os maiores reajustes do imposto de toda a cidade a partir de 2015.

    O aumento do IPTU pela gestão Fernando Haddad (PT) foi autorizado pelo Tribunal de Justiça nesta semana.

    O teto de reajuste será de 15% para residências e de 30% para comércios a partir do ano que vem, mas regiões periféricas terão redução.

    Na média, a alta do IPTU residencial será de 3,5%. Mas em distritos centrais, que também incluem Brás e Liberdade, os reajustes médios ficarão entre 13% e 15% -os mais altos da capital e acima até de áreas nobres, como Alto de Pinheiros (zona oeste).

    Dentre os imóveis comerciais, a média da cidade será maior, de 26%, mas alcançará 30% na República e na Sé.

    "Estabelecimentos comerciais menores, principalmente num momento que a economia refreou bastante, talvez tenham dificuldades para arcar com um aumento de impostos bem superior à inflação", disse Claudio Bernardes, presidente do Secovi (Sindicato da Habitação).

    A prefeitura tem manifestado nos últimos dois anos a meta de revitalizar a área central, atraindo moradores de diferentes classes sociais.

    O centro já vem passando por um boom imobiliário, com lançamento de imóveis pequenos para pessoas de maior poder aquisitivo.

    A arquiteta Lucila Lacreta avalia que a expulsão dos mais pobres é inevitável.

    "Você aumenta o IPTU, o dono fica com mais problemas para pagar e será forçado a vender. São pessoas que estão no limite de renda para viver ali", afirma.

    A prefeitura nega a tendência e diz que os imóveis não são tratados de forma igual em cada distrito. "Aqueles imóveis nos bairros centrais que sejam mais antigos, com menor metragem ou padrão de construção baixo, sentirão o reajuste de outra forma, refletindo possivelmente em isenção ou redução do IPTU."

    Professor da USP, o urbanista Renato Cymbalista não acredita que haverá elitização. "Alguém acha que os bairros ricos vão se popularizar se o IPTU abaixar? Não. Os ricos escolhem os bairros onde querem viver porque eles são mais bem localizados, mais agradáveis. Isso não vai mudar com o aumento do IPTU."

    Editoria de Arte/Folhapress

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