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    Quadrilha pretendia fraudar mais 7 vestibulares até janeiro, diz polícia

    JULIANA COISSI
    DE SÃO PAULO

    02/12/2014 20h19

    Os integrantes da quadrilha que fraudou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e outros processos seletivos pretendiam repetir o esquema com mais sete vestibulares para cursos de medicina de faculdades particulares até janeiro de 2015, segundo a Polícia Civil de Minas Gerais.

    O grupo foi preso em operação da polícia no dia 23, em Belo Horizonte. Líderes e candidatos que pagaram pela fraude foram flagrados com aparelhos de escuta durante exame da Faculdade de Ciências Médicas na capital mineira.

    A fraude custava até R$ 200 mil por candidato. Os chamados "pilotos", que são pessoas com alto conhecimento das matérias das provas, executavam o teste no menor tempo possível para sair da sala e repassar as respostas aos demais membros da quadrilha. Estes ditavam o gabarito por meio de aparelhos eletrônicos aos candidatos que pagaram pelo esquema, e que ainda estavam nas salas de prova.

    No caso do Enem, a polícia apurou que organizadores do exame federal em uma cidade do Mato Grosso repassaram os cadernos de questões a membros da quadrilha momentos antes do início do teste (às 13h). O Enem foi aplicado nos dias 8 e 9 de novembro.

    Na operação, foram detidas 34 suspeitos, sendo 22 candidatos, que pagaram fiança e foram soltos. Nesta terça-feira (2), a Polícia Civil indiciou 28 pessoas, entre elas os líderes, suspeitos de aliciar clientes e compra de equipamentos eletrônicos, e os pilotos, que eram os que respondiam as provas.

    Apenas um dos integrantes da quadrilha contou à polícia que calculava ganhar, sozinho, R$ 3 milhões se a fraude fosse aplicada com os demais vestibulares de dezembro e janeiro, como era o planejamento do grupo.

    PAIS ENVOLVIDOS

    A polícia também deve apurar se há envolvimento dos pais e familiares dos candidatos no esquema, segundo o delegado Antônio Junio Dutra Prado, do Grupo de Combate a Organização Criminosa da Polícia Civil, órgão que atua em parceria com o Ministério Público Estadual.

    É que a fraude envolvia pagamentos que vão de R$ 50 mil a R$ 200 mil, um valor alto para pessoas jovens desembolsarem sozinhas.

    Ainda conforme o delegado, em depoimentos, os candidatos flagrados com escutas confessaram que haviam contratado a quadrilha, e que pagaram R$ 5.000 inicialmente para aderir à fraude. Se fossem aprovados, segundo depoimento, aí sim concluiriam o pagamento combinado.

    Uma característica do modo de agir da quadrilha, segundo o delegado, era o de evitar processos seletivos de faculdades que tivessem respostas dissertativas.

    O Enem e os demais testes fraudados para vagas de medicina trazem apenas questões de múltipla escolha e redação. "Os candidatos [envolvidos na fraude] faziam a redação nas primeiras horas enquanto esperavam, no fim da prova, que fosse repassado o gabarito já respondido pela quadrilha", disse Prado.

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