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    Crise da água

    ANA e Daee autorizam retirada de até 30 milhões de m³ do Cantareira

    SIDNEY GONÇALVES DO CARMO
    DE SÃO PAULO

    03/12/2014 09h47

    A ANA (Agência Nacional de Águas) e Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) autorizaram nesta terça-feira (2) a Sabesp a retirar até 30 milhões de m3 da segunda cota do volume morto do sistema Cantareira, que atende a 6,5 milhões de pessoas.

    De acordo com o comunicado, a meta do volume disponível a ser preservada no sistema Cantareira ao final do mês será de 53,3 milhões de m3, o que inclui os dois volumes mortos. Hoje, o sistema Cantareira dispõe de 81,17 milhões de m3. Com a nova injeção, a Sabesp pode controlar a liberação do fluxo de água para atingir a meta determinada pela ANA e DAEE para este mês.

    "Informamos que o limite superior de retirada efetiva (demandas menos afluências–principalmente das águas da chuva) de volumes do Sistema Equivalente [Cantareira], para o mês de dezembro de 2014, deverá ser de 30 milhões de m3."

    O limite máximo autorizado pela agência federal para dezembro é menor do que o determinado no mês passado, quando foi autorizado a retirada de até 39 milhões de m3. Segundo a ANA, o limite do mês dezembro foi menor devido à escassez de chuvas na região das cabeceiras. Em novembro, a Sabesp deveria preservar cerca de 77,7 milhões de m3. Segundo boletim da ANA, no dia 30 de novembro, havia 83,77 milhões de m3 no sistema.

    No mês passado, uma resolução conjunta da ANA e do DAEE determinou um limite máximo para o bombeamento de água pela Sabesp da segunda parte do volume morto no sistema. Segundo a ANA, a cada mês uma nova meta será determinada para a Sabesp.

    A ANA também reafirma "a preocupação desta agência quanto ao planejamento da operação do Sistema [Cantareira] pela Sabesp que, em desacordo com o recomendado pela ANA, utilizou previsões de vazões afluentes ao Sistema Equivalente [volume morto] muito acima daquelas efetivamente verificadas em outubro e em novembro".

    São Paulo enfrenta hoje a maior estiagem em 84 anos, com interrupções de abastecimento na Grande São Paulo, cidades do interior em regime de racionamento e reservas de água cada vez mais baixas. O sistema Cantareira, o principal da Grande São Paulo, opera com a segunda cota do volume morto.

    A agência federal ressalta ainda que a Sabesp utilize "previsões conservadoras de vazões afluentes" do Cantareira e que o sistema atinja 97,4 milhões de m3 em 30 de abril de 2015.

    Nesta terça-feira (2), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), voltou a considerar a possibilidade de cobrança de sobretaxa na conta de água de quem ampliar o consumo. Segundo o tucano, a medida é estudada pela Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia) e pela Procuradoria Geral do Estado.

    Questionado se é favorável à cobrança da sobretaxa, o tucano respondeu que é contra o "gastão". "Nós fizemos tudo o que tem de ser feito, em etapas. Primeiro, criamos o bônus e, depois, o expandimos", disse Alckmin.

    NÍVEL DOS RESERVATÓRIOS

    O nível dos seis principais reservatórios registrou queda nesta quarta-feira (3). De acordo com a Sabesp, os sistemas Cantareira e Alto Tietê, que abastece 4,5 milhões de pessoas, caíram 0,1 ponto percentual. O Cantareira chegou a 8,4% de sua capacidade e Alto Tietê 5,4%.

    O reservatório de Rio Claro, que atende a 1,5 milhão de pessoas, teve a queda mais acentuada: 0,7 ponto percentual e atinge 30,4% de sua capacidade. Já a represa de Guarapiranga, que fornece água para 4,9 milhões de pessoas, trabalha com 32,7% de sua capacidade –queda de 0,4 ponto percentual de ontem para hoje.

    Os sistemas Alto Cotia, que atende a 400 mil pessoas, e Rio Grande, que fornece água para 1,2 milhão de pessoas, tiveram queda de 0,2 ponto percentual.

    Se fossem unificados, os reservatórios teriam apenas 12,8% de sua capacidade nesta quarta. Quase 19 milhões de pessoas são abastecidas pelos seis sistemas.

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