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    Após exclusão em lista, grafiteiros pintam murais na 23 de Maio

    DANIELLE BRANT
    MOACYR LOPES JUNIOR
    DE SÃO PAULO

    08/12/2014 02h00

    Cerca de 60 grafiteiros, pichadores e artistas plásticos organizaram, neste domingo (7), o "Rolê na 23" para protestar por terem sido deixados de fora de uma lista de convidados pela Prefeitura de São Paulo para pintar os murais da avenida 23 de Maio.

    Eles subiram a avenida fazendo grafites e pichando. Em frente a um prédio comercial, alguns escalaram a parede e picharam a fachada.

    O corredor viário, que abrange a avenida Rubem Berta e a Tiradentes, é a principal e mais movimentada via que liga a zona norte até a zona sul da cidade. Por isso, é um dos pontos mais disputados por grafiteiros e pichadores.

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Grafiteiros 'alternativos' pintam muros 'menos nobre' na avenida próximo a rua Tutóia
    Grafiteiros 'alternativos' pintam muros 'menos nobre' na avenida próximo a rua Tutóia

    Sob anonimato, um dos organizadores do evento -convocado por redes sociais- contou que o objetivo da ação era reivindicar mais espaço público para a prática.

    "Nós reivindicamos pluralidade de estilo e mais espaço para grafitar", diz. "O objetivo é unir os grafiteiros e mostrar que há união entre nós", completa.

    A frase é uma crítica à decisão da prefeitura de destinar espaços considerados nobres a grafiteiros contratados por curadores. A descrição do evento criado no Facebook diz que ele é "independente e aberto, não tem curadoria, e nem seleção, é livre...para expressão coletiva".

    "O prefeito chamou pro rolê...então a 23 ficará pequena, convide seus amigos, e vamos mostrar para prefeitura quantos somos", diz o texto.

    O circuito "oficial" foi programado pela Secretaria de Cultura, que convidou 14 curadores, que contrataram 450 artistas para ilustrarem as paredes da avenida. O cachê é de R$ 2.000 por obra.

    O problema é que jovens artistas ficaram de fora da lista de convidados e resolveram protestar usando as suas principais ferramentas: tinta.

    O curador Rui Amaral, 53, que tratou com a secretaria e contratou os artistas, disse que tem "respeito a todos os artistas de rua, mas algumas pessoas ficaram de fora e não dá pra contratar todo mundo".

    O domingo foi de guerra. Silenciosa e colorida. E o próximo "confronto" pode voltar a acontecer.

    Segundo o cronograma da Secretaria de Cultura, os grafiteiros apoiados pela prefeitura voltam a pintar a avenida 23 de Maio no próximo final de semana.

    O organizador do evento paralelo não descarta novas ações na região. "Vamos marcar uma reunião esta semana para pensar a próxima ação", afirma.

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