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    Dilma deve aprovar regra da guarda compartilhada dos filhos

    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA
    GIOVANNA BALOGH
    DE SÃO PAULO

    17/12/2014 02h00

    Alvo de muitas pressões favoráveis, a lei que prioriza a guarda compartilhada dos filhos de pais separados deve ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff.

    Interlocutores do governo no Congresso receberam nos últimos dias sinalizações de que a presidente foi orientada por sua equipe a acatar o texto aprovado pelo Senado em 26 de novembro.

    Técnicos do Ministério da Justiça e da Secretaria de Direitos Humanos já se posicionaram a favor da proposta. O parecer da AGU (Advocacia-Geral da União) também foi favorável à lei, segundo a Folha apurou. O prazo limite para a sanção é 22 de dezembro.

    Desde que a proposta foi aprovada pelo Legislativo, as caixas de e-mail dos gabinetes do Planalto passaram a ser inundadas com mensagens favoráveis à regra.

    Ministros e auxiliares presidenciais avaliam que seria um desgaste desnecessário o governo se posicionar contra a medida, sobretudo por se tratar de uma iniciativa do Congresso, além de uma demanda de diversos setores da sociedade. Grupos de juízes, entretanto, enxergam a lei como uma interferência excessiva e pressionam pelo veto.

    Pela proposta aprovada, se não houver acordo entre os pais em relação à guarda, o juiz deve determinar prioritariamente que ela seja compartilhada. A exceção prevista vale para casos em que o pai ou a mãe declarar que não deseja a guarda do filho.

    O projeto altera o Código Civil que, atualmente, determina que a guarda unilateral deve ser concedida ao genitor que revele "melhores condições" para exercê-la.

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Santiago, 2, brinca com os pais, Elise Guedes e Franco Zampese, que decidiram dividir a guarda do filho após o divórcio
    Santiago, 2, brinca com os pais, Elise Guedes e Franco Zampese, que decidiram dividir a guarda do filho

    RELAÇÃO AMIGÁVEL

    Mais do que respaldo legal, a guarda compartilhada depende de uma relação amigável entre pai e mãe, na opinião de ex-casais que já adotam esse modelo.

    "Se o casal não segue a mesma linha de criação, mal se fala, não vejo como pode dar certo. Cada caso é um caso, mas, sendo imposto pela Justiça, não parece bom para a criança, e a prioridade deve ser sempre o filho", diz a atriz e fotógrafa Elise Guedes, 34, mãe de Santiago, 2.

    Ela conta que teve uma separação conturbada no ano passado, após dez anos de relacionamento com o pai de seu filho. A briga pela guarda, entre ela e o corretor de imóveis Franco Zampese, 42, foi parar nos tribunais.

    "Depois percebemos que disputar quem ficaria com ele não seria a melhor saída para o nosso filho, que tinha só um ano quando nos separamos", afirma a fotógrafa.

    Segundo especialistas, a guarda compartilhada não funciona impondo horários, como deixar a criança metade dos dias na casa de um e o restante na casa do outro.

    O advogado de família Danilo Montemurro diz que a guarda compartilhada não pode ser confundida com convivência alternada.

    "Deverá ser mantido um lar em que a criança estabeleça residência", completa.

    Com a jornalista Thaís Pontes, 28, e o pai da sua filha, Daniel Gasparetti, 28, têm sido assim. A filha Maria, de dez meses, convive diariamente com o pai mesmo não morando na mesma casa.

    "Minha filha ainda é pequena, mama no peito à noite, então não dorme na casa do pai, mas passa o dia com ele e com a mulher dele", diz Thaís, que teve um relacionamento rápido com Gasparetti.

    Como são amigos, eles nem entraram na Justiça para discutir a guarda da menina.

    "Foi tudo amigável. Decidimos juntos até se íamos ou não dar chupeta para a Maria", conta Gasparetti.

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