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    Clube de tiro é lacrado no interior de SP por reclamações de balas perdidas

    BRUNA MOZER
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM AMERICANA (SP)

    18/12/2014 02h00

    Um clube de tiro de Americana (a 127 km da capital paulista) foi lacrado nesta quarta-feira (17), por 15 dias, após reclamações de moradores da vizinhança, cujos imóveis vêm sendo atingidos por balas perdidas. A polícia também instaurou inquérito para apurar a prática de crimes.

    A situação se arrasta ao menos desde 2011, mas os casos se intensificaram nas últimas semanas, quando famílias foram surpreendidas por tiros em telhados, janelas e até na caixa d'água.

    O fabricante de lanchas Demetri Georges Sevidalis, 57, conta que estava em seu quintal no dia 8 quando ouviu as balas atingirem o telhado. Encontrou ao menos três delas no quintal e na varanda. Nas paredes, as marcas ainda são visíveis. "Quando ouvi os tiros gritei para minha mulher não sair. Todos estão com medo."

    Danilo Verpa/Folhapress
    Morador mostra marca de tiro que atingiu parede de casa
    Morador mostra marca de tiro que atingiu parede de casa

    Seu vizinho, o aposentado Antonio Feltrin, 86, foi surpreendido quando cuidava da criação de pássaros no quintal. As balas atingiram o vitrô do banheiro, a caixa d'água e as paredes.

    "A nossa preocupação não é apenas com o dano material, mas essas balas poderão acertar uma pessoa", disse o filho de Antonio, Reinaldo Feltrin, 46. Na última semana, pai e filho encontraram cinco balas em casa. Os dois acumulam quatro boletins de ocorrência registrados desde 2011, afirmam, sem nenhuma solução.

    O Clube Americanense de Tiro fica a uma distância de um a dois quilômetros do quintal dos moradores do bairro Iate Clube de Campinas. Do fundo das casas, é possível ver o estabelecimento, aberto em 2005, no topo de uma colina.

    O presidente do clube, Eduardo Bazzano, afirma que as armas utilizadas não têm capacidade para atingir os imóveis, mas que vai contratar peritos para identificar se as balas partiram do local. "Estamos tomando todas as providências para evitar que algo grave aconteça", disse o presidente.

    Além de ser utilizado por 1.800 sócios, o local é cedido à Polícia Militar e à Gama (Guarda Municipal de Americana) para treinamento. A Gama informou que suas munições não têm capacidade para atingir as casas e que a posição dos guardas impede que isso ocorra.

    Segundo Bazzano, a única suspeita é que os tiros tenham ultrapassado a barreira de proteção, porque os PMs atiram deitados no chão.

    PARA-BALAS

    Os tiros são disparados ao ar livre. No local de treinamento há barreiras de terra, e um para-balas foi instalado há um ano para evitar que elas atinjam grandes altitudes.

    As armas são dos próprios atiradores, segundo o clube. As mais comuns são pistolas 380 e ponto 40, revólver calibre 38.

    De acordo com a Prefeitura de Americana, o clube está com o alvará vencido devido à falta de vistoria do Corpo de Bombeiros. Em setembro, a administração do clube foi notificada, mas não regularizou a situação.
    O presidente do clube disse que toma todas as providências para a regularização.

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