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    'Estou confortável no cargo', diz provedor sobre a crise na Santa Casa

    DE SÃO PAULO

    18/12/2014 02h00

    O provedor da Santa Casa de São Paulo, Kalil Rocha Abdalla, diz não ver nos resultados das auditorias divulgados até agora nada que possa desmoralizá-lo como gestor. Por isso, diz, não pretende deixar a direção do hospital.

    "Eu estou confortável no cargo", afirmou Kalil, em sua primeira entrevista sobre as auditorias nas contas e após o agravamento da crise financeira da instituição, que já afetou o atendimento e provocou atraso nos salários.

    "Eu não recebi um resultado completo. Recebi um resumo. Tão logo constatei aquelas irregularidades apontadas, eu não tive dúvidas de oficiar, está protocolado ao superintendente, solicitando abertura de sindicância."

    Daniel Guimarães - 3.abr.2014/Folhapress
    Prédio principal do complexo da Santa Casa de São Paulo; auditoria revela dívida maior
    Prédio principal do complexo da Santa Casa; 'estou confortável no cargo', diz provedor

    Segundo a auditoria independente contratada pelo governo de São Paulo, o hospital tem uma dívida de R$ 773 milhões, quase o dobro da anunciada no início da crise.

    Em julho, a Santa Casa fechou as portas do pronto-socorro central por 28 horas, alegando falta de materiais.

    Sobre os dados que apontam que imóveis da instituição estão alugados por valores até 81% abaixo dos praticados pelo mercado, como revelado pela Folha, o provedor disse que não teve acesso ao documento. Ele afirmou, no entanto, que há explicação para todos os casos mencionados.

    Um dos exemplos citados por ele é o prédio de 623 m² em Perdizes (zona oeste) –alugado por R$ 4.100 mensais, enquanto a auditoria avalia que a cobrança deveria ser de R$ 21,8 mil.

    Segundo Abdalla, a Santa Casa tem 50% do imóvel e, assim, recebe metade dos R$ 8.200 do aluguel –valor que, para ele, está correto. Relatórios da auditoria aos quais a Folha teve acesso não falam dessa sociedade.

    A Santa Casa tem uma carteira de 759 imóveis, administrados pelo próprio provedor, que acumula a função.

    PRESSÃO

    Ainda de acordo com Kalil, a pressão para sua saída (ou licenciamento) não abala sua vontade de continuar.

    "Eles não conseguem apontar uma irregularidade a meu respeito. Por isso eu disse naquela ocasião que receberia um atestado de idoneidade", disse, referindo-se a declaração dada quando o governo estadual condicionou a injeção de recursos a uma auditoria nas contas. "Estou desafiando você, ou qualquer pessoa, a trazer algum ponto que possa me desmoralizar", afirmou.

    Em reunião na manhã desta quarta (17), cerca de dez integrantes da mesa manifestaram-se contra a permanência dele. Abdalla disse que foram 8 de 33 presentes. "Tentaram alguma coisa. O pessoal recusou, ninguém aceitou. Não há dispositivo para a mesa tomar essa atitude. Poderia, quanto muito, se fosse uma assembleia geral."

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