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    Crise da água

    SP anuncia sobretaxa a 'gastões' de água e distribuição de caixas d'água

    EDUARDO SCOLESE
    EDITOR DE 'COTIDIANO'
    GUSTAVO URIBE
    DE SÃO PAULO

    18/12/2014 12h35

    Em meio a uma grave estiagem e com os principais reservatórios sob risco de colapso, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu cobrar uma sobretaxa na conta de água daqueles que ampliarem o consumo em relação à média de fevereiro de 2013 a janeiro de 2014.

    O governo também promete distribuir caixas d'água e kits com válvulas para diminuir o consumo.

    A sobretaxa, chamada de "plus" pelo governador, foi anunciada na tarde desta quinta-feira (18) pelo governo do Estado. "Nós não queremos arrecadar nada, queremos que todos colaborem. Essa medida não tem caráter punitivo", afirmou Geraldo Alckmin.

    Quem tiver o aumento de consumo igual ou menor que 20% (em relação à média de fevereiro de 2013 a janeiro de 2014) terá 20% de acréscimo na conta de água. Já os consumidores que gastarem acima de 20% em relação a sua média terão ônus de 50% na conta.

    Para diminuir o consumo, serão distribuídos kits de economia de água, com válvulas que poderão ser usadas pelos usuários para diminuir a vazão das torneiras. O governo também planeja distribuir caixas d'água para 10 mil residências, para que essas casas não dependam do abastecimento da rua.

    A medida começa a valer em 1º de janeiro –resta apenas o aval da Arsesp (agência estadual de saneamento), o que deve ocorrer nos próximos dias. Aqueles com consumo baixo (inferior a 10 metros cúbicos mensais) estarão fora dessa sobretaxa. Haverá ainda opção de recursos à Sabesp, para casos de mudança de imóvel, por exemplo.

    Além disso, o governo anunciou nesta quinta-feira (18) a prorrogação do programa do bônus para os consumidores que têm economizado água nesse período. As atuais faixas de desconto serão mantidas –redução entre 10% e 14,9% (bônus de 10%); de 15% a 19,9% (bônus de 20%); e de 20% ou mais (bônus de 30%).

    A meta do governo com essas medidas é reduzir 2,5 m³/s do consumo de água da Grande São Paulo. Antes da crise hídrica, a cidade consumia 73,2m³/s; hoje, consome 59m³/s.

    GRAVE CRISE

    São Paulo vive hoje a mais grave crise hídrica já registrada, e o principal reservatório de água da Grande SP, o sistema Cantareira, opera com apenas 6,9% de sua capacidade, isso já contando a segunda cota do volume morto -reserva técnica utilizada para evitar o desabastecimento da população.

    A cobrança dessa sobretaxa é uma ideia do governo paulista que começou a ser desenhada no início do ano, mas acabou engavetada às vésperas do início da campanha eleitoral.

    Voltou com força agora, com o risco de colapso dos reservatórios e com a indicação do engenheiro civil Benedito Braga, 67, para assumir a secretaria de Recursos Hídricos a partir de 2015 -ele é um defensor de punir, por meios econômicos, o consumo excessivo de água.

    O próprio governador tem atacado o grupo de 25% dos consumidores que, em meio à atual crise, ampliaram o consumo de água. Alckmin tem se referido a eles como "gastões".

    Para constrangê-los, a Sabesp lançará uma nova campanha publicitária, focada essencialmente no desperdício, como lavar carro e a calçada em tempos de crise.

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