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    Aumenta procura em SP por babás com habilitação para dirigir

    LÍGIA MESQUITA
    DE SÃO PAULO

    21/12/2014 02h00

    A cena e o look se repetem nas garagens dos clubes mais chiques de São Paulo e nas portas de bufês de festas.

    No carro, com uma, duas ou até três crianças no banco de trás, uma mulher vestida de branco está ao volante.

    São as babás-motoristas, a nova tendência no mercado das profissionais encarregadas de cuidar das crianças.

    Há um mês, Tiana Melo, 35, leva os gêmeos André e Lucas, 6, para o clube e para festinhas de aniversário dirigindo o carro de seu patrão.

    Ela entra no Citroen C4, ajeita os dois na cadeirinha e depois escolhe uma música clássica ou francesa "que acalma os meninos".

    Karime Xavier/Folhapress
    Tiana Melo leva os gêmeos AndréTiana Melo leva os gêmeos André e Lucas ao clube e Lucas ao clube
    Tiana Melo leva os gêmeos AndréTiana Melo leva os gêmeos André e Lucas ao clube e Lucas ao clube

    Para dirigir o carro hidramático, conta que não precisou fazer aulas. "No primeiro dia, meu patrão estava ao meu lado. Aprendi a deixar a perna esquerda [usada para pisar na embreagem] ao lado da porta e esquecer que tem câmbio. É baba", diz a maranhense, que prefere conduzir seu Palio manual "para sentir o motor."

    Tiana cuida dos gêmeos há um ano e meio, mas só agora acumulou a função de babá com a de motorista dos pequenos. "Tô achando ótimo. Antes a gente ia a uma festinha e tinha que chamar táxi pelo aplicativo do celular e ficar lá esperando mais de meia hora. Agora, eu chego e saio sem precisar esperar ninguém, é muito prático."

    Sua chefe, a arquiteta Miriam Contier, 50, por enquanto aprova e elogia a experiência. "Ou ela pegava um táxi com os meninos ou eu e meu marido tínhamos que dar um jeito para sair do trabalho e ir buscá-los. Como eu sabia que ela dirigia, decidi testar. E está dando muito certo".

    Tiana ganha um extra pelo serviço, mas ainda não falou com Miriam um novo salário.

    Em agências de babás voltadas à classe A, aumentou a procura por profissionais com habilitação.

    Na agência Amarelo, se antes de cada dez clientes uma queria uma cuidadora que dirigisse, agora são três, segundo a sócia Silvia Almada.

    "De dois anos pra cá, muitas clientes me pedem indicações de babás com carteira de motorista. É um custo menor para as famílias, que não precisam contratar um motorista", diz Ismar Oliveira, da agência Confiança. Para ela, as babás que dirigem podem receber um aumento de, em média, R$ 500 -atualmente o salário médio de uma cuidadora que não dorme em casa é de R$ 2.500.

    Em seu segundo emprego como babá e motorista, Andreia Teixeira, 37, conta que muitas colegas estão se matriculando na autoescola. "Elas estão vendo que valoriza o passe", diz ela, que cuida de uma garota de cinco anos e dirige "carro manual e automático" mesmo a família tendo motorista.

    "Facilita muito o trabalho, não preciso ficar esperar ninguém, vou e faço."

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