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    Filho de brasileiros é solto por grupo de guerrilha paraguaio

    DE SÃO PAULO

    26/12/2014 01h21

    Após quase nove meses mantido em cativeiro por guerrilheiros no Paraguai, Arlan Fick, 17, filho de brasileiros nascido no país vizinho, foi libertado na noite desta quinta-feira (25) em um povoado no departamento de Concepción, a cerca de 40 km de onde ele vive com a família.

    Arlan foi sequestrado dentro da fazenda de sua família em 2 de abril, numa ação violenta do EPP (Exército do Povo Paraguaio), movimento armado, dissidente de um grupo de esquerda marxista.

    Durante o sequestro, dois guerrilheiros e um policial morreram baleados.

    O grupo pediu US$ 500 mil para libertar o jovem. Ainda em abril, o dinheiro foi entregue pela família, que disse ter hipotecado suas terras, mas ele não foi solto. O único sinal que a família tinha de que Arlan estava vivo era um vídeo divulgado pelos guerrilheiros em outubro.

    Em entrevista concedida na manhã desta sexta (26) a jornalistas paraguaios na porta de casa, ao lado do pai, da mãe e da irmã, Arlan disse que foi bem tratado e que, no cativeiro, se tornou amigo de outro refém que ainda está em poder da guerrilha, o policial Edelio Morínigo.

    Reuters
    Arlan Fick, 17, filho de brasileiros, é libertado após quase nove meses mantido em cativeiro por guerrilheiros
    Arlan Fick, filho de brasileiros, é libertado após quase nove meses mantido em cativeiro por guerrilheiros

    Os dois reféns, segundo Arlan, passavam o tempo tomando tereré (bebida feita com erva-mate e água gelada) e ouvindo música, mas sem acesso ao noticiário.

    "Me trataram bem, não me faltou nada, comida estava excelente, água abundante, quando chovia eu não me molhava, não passei frio, nada", disse, conforme vídeo do site paraguaio ABC Color.

    A família vive em Paso Tuyá, no departamento de Concepción, desde a década de 1980. O jovem, que não tem cidadania brasileira, classificou a volta como "um segundo nascimento".

    Conforme Arlan relatou aos jornalistas, membros do EPP o fizeram caminhar pela mata com um pano sobre o rosto, até soltarem-no em uma estrada asfaltada próximo a Yby Yaú. Ele parou na primeira casa que encontrou e pediu para usar o telefone.

    O pai dele, o agricultor Alcido Fick, contou ter suspeitado do telefonema, porque recebera muitos trotes desde o sequestro. "Eu lhe perguntei em alemão, ele me respondeu em alemão, e vi que era meu filho", disse Alcido, que é natural do Sul do Brasil.

    Questionado pelos jornalistas, o agricultor não quis responder se a família vai permanecer no Paraguai nem se houve participação do governo brasileiro na libertação.

    "Quero agradecer a todo mundo que esteve orando, pedindo por minha liberdade. A todos os paraguaios, todas as pessoas que estiveram esperando minha libertação, graças a Deus, depois de muito tempo, pude sair bem e são", afirmou Arlan.

    Responsável por organizar caminhadas e páginas em redes sociais pedindo a libertação de Arlan, Rosinei Fick, irmã dele, usou o Facebook para convidar os moradores da região para uma missa que seria realizada nesta sexta.

    O Itamaraty afirmou que acompanhou o caso e que a família não solicitou assistência após Arlan ter sido solto. A Folha não conseguiu contatar a Polícia Federal brasileira em Assunção. (REYNALDO TUROLLO JR.)

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