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    Moradores ficam 46 horas sem luz após temporal em São Paulo

    ARTUR RODRIGUES
    ELTON BEZERRA
    DE SÃO PAULO

    31/12/2014 02h00

    Desde segunda-feira (29), a cozinheira Damiana Chaves, 41, trabalha à luz de velas no bar Nova Grafhit, na Vila Olímpia (zona oeste). "A maior dificuldade é na hora de lavar a louça", disse. Além da perda de produtos congelados, como polpas de fruta, o bar teve queda de 80% no movimento.

    Após tempestade que derrubou 434 árvores na capital paulista –um recorde–, moradores de vários bairros seguiam por mais de 46 horas sem luz nesta terça (30). De acordo com a AES Eletropaulo, cerca de 200 mil pessoas continuavam sem luz. O número total de afetados chegou a 500 mil.

    No Brooklin (zona sul), em vez de velas, a gerente Luciana Freitas, 42, deu lanternas às funcionárias da loja de roupas Broo Klin's Magazine.

    Ali, o movimento também despencou. "Os clientes se sentem incomodados. A funcionária demora para ir no estoque, tem medo de subir a escada. Fora o calor", disse. A loja fechou mais cedo.

    Na Vila Mariana (zona sul), Ronaldo Luiz Alvarenga, 72, diabético, contou com um vizinho, que lhe deixou usar a geladeira para manter a temperatura adequada da insulina. "Ele foi legal, nem o conhecia", disse o aposentado.

    A AES Eletropaulo justifica a demora nos reparos afirmando que se trata de um evento atípico, com registro de queda de raios e desabamento recorde de árvores.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Em alguns locais, diz a concessionária, o restabelecimento da energia só pode ser feito após prefeitura e bombeiros retirarem destroços das árvores da rede elétrica.

    A administração municipal informou que havia removido, até esta terça, 250 árvores.

    O prefeito Fernando Haddad (PT), em entrevista à Rede Globo, chegou a comparar a situação paulistana com o furacão Katrina, que destruiu Nova Orleans, nos Estados Unidos, e matou mais de 1.800 pessoas, em 2005.

    "O que aconteceu em São Paulo há dois dias foi algo muito próximo de um furacão", disse Haddad. Furacões são caracterizados por ventos superiores a 118 km/h -o Katrina registrou mais de 200 km/h. Em São Paulo, os dados apontaram 96,3 km/h.

    FESTAS

    Segundo a AES Eletropaulo, os bairros mais afetados ficam na zona sul da capital e em cidades do ABC.

    O Procon notificou a concessionária para que informe providências tomadas.

    O órgão de defesa do consumidor recebeu até a noite desta terça 49 queixas. "Estamos no fim de ano, tem gente que comprou coisa para ceia e recebeu pessoas em casa, pessoas precisam de informações confiáveis para se programarem", disse a assessora técnica Fátima Lemos.

    Segundo ela, a AES Eletropaulo tem de ressarcir o prejuízo do consumidor. O pedido pode ser feito pelo site ou em pontos de atendimento.

    Fátima lembra que o limite de tempo sem energia estabelecido pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) foi extrapolado em vários bairros (os tetos variam de acordo com a região).

    Quando isso acontece, a empresa é obrigada a compensar o consumidor. O desconto, quase insignificante (geralmente fica entre R$ 1 e R$ 2), vem na fatura dois meses depois da interrupção.

    A orientação é que a população procure primeiro a AES Eletropaulo. Se o problema não for resolvido, as reclamações podem ser feitas à Aneel, à agência estadual de energia (Arsesp) e ao Procon.

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