Se árvore em São Paulo é sinônimo de estorvo ou até de tragédia em dia de chuva e vento forte, em geral ela é uma tradução da qualidade de vida nas grandes cidades: quanto maior seu número, mais conforto térmico, mais sombreado, mais permeabilidade do solo (logo, menos enchentes) e mais umidade.
Um mapeamento das árvores em calçadas e canteiros da cidade feito pela Prefeitura de São Paulo, ao qual a Folha teve acesso, evidencia a desigualdade na distribuição de árvores, especialmente entre centro expandido e as periferias da cidade.
No topo do ranking, com mais árvores, está a subprefeitura de Pinheiros, que congrega bairros como Jardins e Itaim, com quase 50 mil das 650 mil árvores da cidade, contabilizadas por meio de imagens de satélite e programas de geoprocessamento.
Isso quer dizer que nesta região há 1.573 árvores por quilômetro quadrado e 5,8 habitantes por árvore.
Na lanterna das 32 subprefeituras, com 234 árvores por quilômetro quadrado e 62,7 habitantes por árvore está Cidade Tiradentes, que tem míseras 3.520 árvores.
Segundo Danilo Mizuta, engenheiro florestal da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, o mapeamento foi feito para orientar o trabalho de plantio de mudas e a distribuição de técnicos para o cadastro de árvores no Sisgau (Sistema de Gerenciamento de Árvores Urbanas), que monitora a saúde e calcula risco de queda.
RELAÇÃO EM CRISE
De acordo com Mizuta, a relação do paulistano com suas árvores não é das melhores. "Infelizmente, há muito cidadão que pede remoção de árvores para a prefeitura porque as folhas entopem sua calha ou sujam sua garagem."
Segundo ele, reclamações de árvores feitas à prefeitura são sempre verificadas por técnicos, mas a árvore só é removida ou podada se representar perigo.
"Se a sanidade da árvore não está alterada nem há risco de queda, não podemos retirar das ruas um ser vivo que presta um serviço ambiental importante para a cidade. E, se for o caso de retirá-la, ela deve ser substituída", diz.
Editoria de Arte/Folhapress | ||