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    Ameaça de chuva em SP faz banhistas correrem de praias após raio matar 4

    LÍGIA MESQUITA
    ENVIADA ESPECIAL A GUARUJÁ
    JULIANA COISSI
    ENVIADA ESPECIAL A SÃO SEBASTIÃO

    03/01/2015 02h00

    "Olha o terremoto, olha a ventania!", gritavam os garçons de um dos quiosques da praia Pitangueiras, em Guarujá (SP). Ao escutar o aviso, Geovana Schiavon, 26, e Sauane Pelegrini, 27, de Limeira, a 151 km de São Paulo, pegaram seus pertences e saíram correndo desesperadas.

    Do céu, caía o primeiro raio da tempestade armada no fim da tarde desta sexta-feira (2).

    As amigas estavam na mesma orla na segunda (29), quando um temporal atingiu a cidade. "A gente soube que uma família morreu com um raio na Praia Grande. Agora, a gente ouve um trovão e sai correndo", diz Sauane.

    O acidente, ocorrido no início da semana na vizinha Praia Grande (SP), quando um raio matou quatro pessoas, despertou o medo em muitos turistas que antes não temiam encarar a praia com chuva.

    Anderson Prado/Folhapress
    Banhistas começam a deixar a praia Pitangueiras, que estava lotada
    Banhistas começam a deixar a praia Pitangueiras, que estava lotada

    Agora, em Pitangueiras, os salva-vidas tentam tirar os banhistas da água e pedem para as pessoas se abrigarem.

    A auxiliar administrativa Andressa Garcia, 31, de São Paulo, pegou o marido, Antonio Carlos da Silva, e o filho, Cauã, 7, e saiu correndo para o carro estacionado na avenida em frente à praia.

    "Não vou dar bobeira. Vi o que aconteceu na Praia Grande. Antes, eu ficava na praia com chuva mas não tinha esse negócio de tanto raio aqui em Guarujá", diz ela.

    Enquanto a areia, até então apinhada de gente, se esvaziava com as primeiras gotas da chuva, alguns banhistas não se moviam ao escutar trovões.

    Mesmo com o barulho do apito dos salva-vidas pedindo para as pessoas irem embora, a família de Daniel Vera, paraguaio de Ciudad del Este, continuou onde estava. "Não tenho informação de nenhuma morte com raio e ninguém nos disse nada se é para ficar ou não na areia, então não temos medo", afirmou, enquanto um outro raio cortava o céu e provocava nova correria.

    Menos de cinco minutos depois, a família paraguaia, com cinco adultos e três crianças, decidia, contrariada, abandonar a areia.

    Para o eletricista Carlos Cardoso, 34, "quando chega nossa hora" não há o que fazer. "Eu ficaria mais, mas pediram para sair. Mais gente morre nas estradas do que com raio."

    Anderson Prado/Folhapress
    Cinco minutos depois, a praia já vazia, após 'fuga' provocada pela chuva
    Cinco minutos depois, a praia já vazia, após 'fuga' provocada pela chuva

    MOVIMENTO

    Muitos motoristas que deixaram para viajar depois do Réveillon, esperando encontrar as estradas livres, se surpreenderam com o trânsito para descer a serra nesta sexta-feira (2).

    Alguns, que pretendiam ir a praias mais distantes de São Paulo decidiram ficar na primeira faixa de areia que viram, como a analista de sistemas Ivani Ribeiro, 52, acompanhada da filha Viviane, 19.

    A ideia era ir até a praia de Juqueí, em São Sebastião (SP), para aproveitar o fim do feriado prolongado do Réveillon, mas o desânimo e o forte calor levou as duas a pararem em Boraceia, em Bertioga (SP), por volta das 15h.

    Apesar de ter como sua favorita a praia de Juqueí, parar em Boraceia, vencido pelo trânsito, também foi a opção do advogado Guilherme Vidotto Júnior, 44, nesta sexta.

    "Estou numa correria, queria vir para descansar e voltar ainda hoje, mas não sabia que encontraria esse trânsito".

    Já a viagem da capital paulista a Guarujá (SP) levou mais de 3h –em dias de trânsito normal, o percurso é feito em pouco mais de uma hora.

    A lentidão foi provocada, em parte, pelo fechamento da rodovia dos Imigrantes na parte da manhã para quem ia rumo ao litoral.

    Com o fluxo desviado completamente para a Anchieta, os carros passaram a circular a 30km por hora e até a parar em diversos trechos.

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