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    Taxa extra para partos cobrada pelos médicos surpreende as gestantes

    GIOVANNA BALOGH
    DE SÃO PAULO

    07/01/2015 02h00

    Sofia nasceu em fevereiro de 2013, com apenas 30 semanas de gestação –dez a menos que o normal. Mas essa não foi a única surpresa que a jornalista Luciana Fuoco, 34, teve ao dar à luz.

    "O médico só falou da taxa de disponibilidade no dia em que me deu alta. Cobrou R$ 2.300, pediu desculpas por não ter falado antes e me deixou pagar parcelado."

    Luciana diz que não ficou magoada com a cobrança e acha que os planos de saúde deveriam pagar mais aos médicos. Ela conta que no dia em que entrou em trabalho de parto o médico interrompeu um jantar de família num domingo para atendê-la.

    A cobrança, que tem o aval do CFM (Conselho Federal de Medicina) –desde que o médico abra mão do que receberia pelo plano de saúde e informe a paciente sobre a taxa logo na primeira consulta–, foi criticada pelo ministro Arthur Chioro (Saúde).

    Danilo Verpa/Folhapress
    Carolina Brazolotto, 25, que fez o parto com o plantonista
    Carolina Brazolotto, 25, que fez o parto com o plantonista

    "É inadmissível", disse o ministro nesta terça (6), durante o anúncio de medidas para tentar reduzir o número de cesáreas no país.

    "Não há na legislação nenhuma brecha para que se cobre por fora nenhum procedimento na saúde suplementar", disse André Longo, diretor-presidente da ANS (agência de saúde suplementar).

    Silvana Morandini, conselheira do Cremesp (conselho regional de medicina de SP) e da Sogesp (associação dos obstetras e ginecologistas), não vê problema na cobrança. Segundo a médica, a taxa remunera o médico que fica 24 horas disponível para atender a paciente.

    A profissional de educação física Carolina Brazolotto, 25, estava com quase oito meses quando o obstetra disse que ela teria que pagar R$ 4.000 pelo parto. "Na hora achei ok ser atendida pelo plantonista, mas a médica que fez o parto nem veio falar comigo", diz. Fernanda nasceu há dois meses, de cesariana.

    A funcionária pública Igarana Moreira de Carvalho, 29, e a professora Tamara Martins, 29, só souberam da taxa com sete meses de gravidez. A primeira estuda usar o SUS, apesar de ter plano, por achar maior a chance de fazer ali o parto normal. A segunda já topou pagar os R$ 500 pedidos.

    Colaborou NATÁLIA CANCIAN, de Brasília

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