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    Calor de 40°C muda rotina dos cariocas

    FABIO BRISOLLA
    DO RIO

    11/01/2015 02h00

    A bordo de um carrinho de plástico azul, o sorridente Pedro Henrique Castrioto, de 1 ano e 3 meses, costumava chegar às 9h30 no trecho da Lagoa conhecido como Baixo Bebê. Na semana passada, o passeio matinal do menino acabou antecipado em uma hora devido ao calor no Rio.

    Desde o dia 21 de dezembro, data do início do verão, a cidade já registrou temperaturas acima de 40º em oito dias distintos, o mais recente deles neste sábado (10), obrigando muitos cariocas a mudarem de hábitos. Esta mesma marca foi atingida em apenas uma ocasião no mesmo período do ano passado.

    "O Pedrinho está voltando para casa no horário em que costumava sair. A solução é sair mais cedo ou deixar para o fim do dia", disse a advogada Christiana Castrioto, 32, mãe do menino.

    No Baixo Bebê da Lagoa, os amigos de Pedro Henrique adotaram horários parecidos.

    "Passei a levá-la mais cedo para a pracinha. Depois das 9h já começa a ficar muito quente ", diz a maquiadora Maria Portilho, 34, mãe de Catarina, de 1 anos e 2 meses.

    O calor combinado ao horário de verão vem deixando praias cheias até o anoitecer.

    Na última quinta (8), Maria e Catarina chegaram à praia do Leblon após as 18h.

    Naquele mesmo trecho de areia, a estudante de publicidade Flávia Rezende, 22, permaneceu até o pôr do sol.

    "Cheguei a vir à praia no início da tarde, mas acabei indo embora porque não suportei o calor", diz Flávia.

    De acordo com Marcelo Seluchi, meteorologista do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), a repetição de temperaturas acima dos 40º tem relação direta com o índice de chuvas, até o momento, abaixo do esperado para este período do ano.

    "Não está chovendo como deveria. A pressão atmosférica está alta, o que torna o ar mais seco e dificulta a formação de nuvens", diz Seluchi.

    Sem chuvas, a temperatura "tende a disparar". Segundo o meteorologista, trata-se de um fenômeno conhecido como veranico.

    "Na região Sudeste e especialmente no Rio, as temperaturas devem continuar muito elevadas pelas próximas duas semanas", prevê Seluchi.

    Professor de futevôlei nas areias de Ipanema, Marcos Vieira, 28, está satisfeito com o calor carioca. Quinze de seus 50 alunos chegaram nas últimas semanas. "Todos quiseram treinar à noite", diz.

    Às 21h da quinta-feira (8), a administradora Tatiana Fiche, 28, participou de sua primeira aula.

    Ela trocou passes com o marido, Rodrigo Fiche, 29, que já frequentava a rede de futevôlei próxima ao posto 9, em Ipanema.

    "Costumo correr na orla durante à noite. E, vendo o movimento na praia, me animei a praticar mais um esporte", justifica.

    Frequentadora assídua da praia de Ipanema, a estudante Maria Milward, 18, passou a testar seu equilíbrio sobre uma fita suspensa no ar, esporte conhecido como slackline, também em um horário alternativo.

    "O sol aqui pega o ano inteiro. Mas, nesta época, antes das 16h, é difícil suportar", diz Maria.

    Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, o recorde de temperatura no Rio não foi superado neste verão.

    Em 26 de dezembro de 2012, os termômetros marcaram 43,2º C.

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