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    Crise da água

    Paulistanos instalam cisternas em casa para armazenar água

    LÍGIA MESQUITA
    DE SÃO PAULO

    12/01/2015 02h00

    Na casa de Terezinha Camargo da Silva, 59, e Juvenal Merencio, 63, em São Mateus, na zona leste de São Paulo, o quintal é lavado com frequência e a horta vertical não fica um dia sem ser regada.

    Esses pequenos "milagres" durante a maior crise hídrica do Estado de São Paulo acontecem porque o casal instalou uma minicisterna para a captação da água pluvial.

    Com as chuvas de verão iniciadas em dezembro, o tanque de 250 litros da residência está sempre cheio.

    Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da Prefeitura de São Paulo, na última quarta (7), choveu 27% da meta de 262 mm esperada para este mês.

    Para instalar sua cisterna e estilizá-la com tintas coloridas, Terezinha desembolsou R$ 300, sendo R$ 120 com a compra do reservatório em um galpão de reciclagem.

    Com o reaproveitamento da água da chuva que antes ia para o ralo, ela, que é uma das coordenadoras do projeto social Pão e Arte, da favela Vergueirinho, reduziu em R$ 100 a conta da Sabesp.

    Eduardo Knapp/Folhapress
    Terezinha da Silva, que fez uma cisterna no quintal de casa
    Terezinha da Silva, que fez uma cisterna no quintal de casa

    "Eu gastava todo mês R$ 150 na conta de água e agora pago R$ 49. É uma maravilha. Desse jeito acho que fico livre de pagar a sobretaxa", diz.

    Na última semana, o governo paulista autorizou a cobrança de uma sobretaxa de até 100% para quem aumentar o consumo de água em relação à média de fevereiro de 2013 a janeiro de 2014.

    Antes de saber da taxa, o economista Luiz Felipe Ambrozio, 35, já havia decidido aproveitar a água enviada por São Pedro. Instalou uma cisterna em sua casa na Pompeia, ao custo de R$ 650.

    "Com as chuvas dessa última semana, deu pra encher o tambor de 240 litros e ainda vazou", conta. "Dessa maneira podemos lavar quintal, molhar as plantas e usar essa água para a descarga", diz.

    A Permacultores Urbanos, empresa de minicisternas, foi criada há dois meses, já atendeu a sete pedidos, e diz que a demanda segue crescendo.

    Outro provedor desse serviço, o Água da Chuva, diz ter vendido quatro reservatórios por mês no último trimestre.

    Terezinha aprendeu a montar sua cisterna com o técnico agropecuário Edison Urbano, do movimento Cisterna Já. "Não é complicado", diz ele. "Quem usa cisterna pode poupar até 50% da água." Se houver purificação com cloro, diz, é possível usá-la também para lavar roupa.

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