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    Paulistas usam barcos para escapar da 'farofa' das praias

    THAIS BILENKY
    ENVIADA ESPECIAL A SÃO SEBASTIÃO (SP)

    12/01/2015 02h00

    Para escapar da "farofa", do "cheiro de fritura", da "muvuca", da música alta, dos "caras bêbados que desrespeitam a mulher dos outros", da sujeira e dos "malfeitores", paulistas resolveram, literalmente, se ilhar.

    A cada ano mais turistas curtem os dias de verão no litoral norte de São Paulo nas Ilhas, arquipélago a cerca de cinco minutos de lancha da praia de Juqueí. O acesso restrito a quem tem barco "filtra" os turistas, dizem os frequentadores, que consideram a si mesmos "mais conscientes" e "tranquilos."

    Editoria de Arte/Folhapress

    Cada visitante costuma trazer o que vai consumir. A maioria dos barcos possui grelha. Levam boias, pranchas e barracas, para quando resolvem se esticar nas areias do arquipélago.

    Há quatro cabanas de comida e bebida espalhadas pelas duas praias das Ilhas. Mas elas não incentivam propriamente o "turismo farofeiro". Um coco, por exemplo, sai a R$ 10. A caipirinha, a R$ 25. Cerveja "long neck", R$ 10.

    O engenheiro Egydio Ferreira Costa, 34, comprou um barco há um ano em sociedade com três amigos.

    Avener Prado/Folhapress
    Turistas nas ilhas, litoral norte de São Paulo
    Turistas nas ilhas, litoral norte de São Paulo

    Desde então, ele só foi à praia nas Ilhas. Na areia do condomínio onde tem casa, próximo à Riviera de São Lourenço, não pisou mais. "O pessoal bebe e desrespeita a mulher do outro. Aqui vem um público mais consciente. Só quando é barco alugado ou 'banana' vem um pessoal diferenciado", opina.

    Egydio se refere aos passeios que, em geral, saem de Juquehy, em que a lancha puxa uma boia comprida chamada de "banana". Por R$ 20, o turista passa 20 minutos no arquipélago. Por R$ 40, pode ficar um pouco mais.

    Osmar Silva, há 15 anos o único morador das Ilhas e responsável por uma das barracas, diz que o lugar já foi mais deserto. Se, há alguns verões, via passar cem lanchas, hoje o número triplicou.

    A praia de Boraceia, onde a educadora física Tayla Oliveira, 44, tem casa, "tem muita farofa e cheiro de fritura". Ela lamenta que sua opção pela paisagem selvagem esteja ameaçada. O aumento de turistas já gera acúmulo de lixo. "Eles gostam da natureza, mas não de preservá-la", criticou, apontando para um pedaço de churrasqueira abandonada na areia.

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