• Cotidiano

    Saturday, 18-May-2024 09:08:56 -03

    Rio de Janeiro

    Rio de Janeiro volta a ter sensação térmica de 46°C; calor deve continuar

    DA AGÊNCIA BRASIL

    13/01/2015 21h51

    O Rio de Janeiro voltou a registrar temperaturas elevadas e sensação térmica acima dos 40°C nesta terça-feira (13). Segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), os termômetros chegaram a marcar 40°C, mas a sensação térmica atingiu até 46°C na região de Guaratiba (zona oeste).

    Segundo a meteorologista Marlene Leal, do Inmet, as temperaturas estão acima do esperado. "Temos os termômetros marcando 3°C a 4°C além do previsto, algo semelhante ao que ocorreu no verão anterior. Outra similaridade com o verão do ano passado é o pouco volume de chuvas, devido à presença de uma massa de ar seca e quente. Ela impede a aproximação de frentes frias e, consequentemente, as precipitações conhecidas como chuvas de verão", explicou.

    Marlene esclareceu que esse fenômeno não é considerado anormal, mas a diferença é que vem acontecendo com maior frequência, causando escassez das precipitações. "Muita gente acha que este verão está muito seco, mas não está muito diferente do ano passado. Percebemos que a tendência no verão é a de que as chuvas devem ser mais dispersas, mas também mais concentradas".

    Para quem trabalha diariamente debaixo do sol intenso e em situações de calor extremo, as altas temperaturas são um problema. O motorista de ônibus Israel Valin, 43, contou que dirige coletivos sem ar condicionado. "É uma sensação térmica terrível. Calor nas pernas e no rosto, por causa da quentura do motor", disse o motorista que aguarda a mudança dos veículos com ar condicionado.

    Já o vendedor ambulante Leonardo de Carvalho, 24, disse que se protege do sol utilizando um guarda-sol e bebe muita água para cuidar da hidratação do corpo. "É muito cansativo. Não só pelo sol, mas pelos clientes estressados. Por aqui vejo muitas pessoas passando mal, gente desmaiando por causa do sol. Não temos nenhuma cobertura melhor nos pontos [de ônibus]", disse.

    A ex-presidente da ABMT (Associação Brasileira de Medicina do Trabalho), Elizabeth Mota Schiavo, explicou que o trabalho a céu aberto pode provocar estresse térmico.

    "O estresse térmico se dá quando qualquer pessoa é submetida a temperaturas extremas, tanto altas quanto baixas. Nas temperaturas altas, esse tipo de estresse tem consequências. Uma das principais é a desidratação. A segunda é a exposição solar e os cuidados que se tem que ter com relação ao uso de chapéu, filtro solar e camisas. Proteger o corpo da exposição, tanto pela queimadura, que é um efeito rápido, quanto pelo câncer de pele, que é uma consequência tardia dessa exposição", explicou.

    Outra profissão em condições de calor extremo é a de quem controla o tráfego nas ruas do Rio. Os agentes precisam ficar no meio das vias para ajudar motoristas e pedestres que atravessam de um lado para o outro. Muitas ruas não têm locais com sombra, e isso dificulta ainda mais o trabalho. Caso do operador de tráfego Ezequias dos Santos, 23, que diz ser um trabalho muito desgastante.

    "É difícil, a gente sua muito e desgasta muito. Temos que beber muita água, senão é desidratação geral mesmo. Às vezes, quando o trânsito está fluindo bem, a gente vai para a sombra se abrigar e usamos o protetor [solar] também", acrescentou.

    A médica Elizabeth Mota Schiavo lembra que as empresas devem fornecer o material para proteger contra o sol, como "o chapéu de aba larga que protege a face, o protetor solar, que deve ser aplicado a cada duas horas, e fazer com que o profissional tenha acesso à reposição de água". Ressaltou também que a prefeitura do Rio já permite que seus funcionários públicos utilizem bermudas para trabalhar, deixando os profissionais mais confortáveis para a execução das tarefas diárias.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024