• Cotidiano

    Sunday, 05-May-2024 14:50:19 -03
    Crise da água

    Sabesp não descarta rodízio e amplia horário de redução de pressão

    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    14/01/2015 17h37

    O novo presidente da Sabesp, Jerson Kelman, afirmou que não está descartada a adoção de rodízio de água na região metropolitana e que a empresa já começou a ampliar o período de redução da pressão da água enviada a todos os bairros da Grande São Paulo.

    "Pode chegar [a ter rodízio]. Torcemos [para] que não", afirmou Kelman na tarde desta quarta-feira (14). Ele afirmou, no entanto, que "ainda não temos um ponto que acenderá a luz vermelha". Ela disse ainda que a empresa vai comunicar a população se esse momento chegar.

    Kelman afirmou que pediu para que a diretoria da Sabesp pensasse alternativas criativas para atravessar o "deserto de 2015".

    Jorge Araujo/Folhapress
    Novo presidente da Sabesp, Jerson Kelman, diz que a empresa já está ampliando horário de redução de pressão da água
    Presidente da Sabesp, Jerson Kelman, diz que já começou a ampliar horário de menor pressão da água

    A ampliação do tempo de menor pressão da água distribuída tem como objetivo a redução de consumo nas torneiras e de perdas nas inúmeras falhas nos encanamentos da empresa.

    A medida causa também falta de água, principalmente em locais altos em que o morador não tenha uma caixa d'água capaz de abastecer a família por 24 horas. Na prática, essa ampliação da redução de pressão é o que Kelman vinha chamando de aumento de "sofrimento da população".

    Kelman admitiu que o aumento da tática deverá deixar um número ainda maior de pessoas sem água na torneira.

    Kelman disse apenas, que há a possibilidade de uso de uma terceira cota do volume morto do Sistema Cantareira, que teria 41 milhões de metros cúbicos.

    Ele citou que a Sabesp também estuda a possibilidade de aumento de captação de água da Billings, que hoje já auxilia os sistemas Guarapiranga e Rio Grande com 10 m³/s de água. Essa ampliação, no entanto, esbarra na dificuldade de levar essa água aos consumidores e também na taxa de poluição do reservatório.

    São Paulo registrou em 2014 a maior estiagem da história. "Essa seca foi um murro na face", disse Kelman sobre a imprevisibilidade da estiagem e da falta de chuva.

    RACIONAMENTO

    As declarações foram dadas na primeira entrevista coletiva do presidente da empresa e ocorre no mesmo dia em que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a região já passa por racionamento de água.

    A declaração de Alckmin ocorre após a Justiça proibir a cobrança de sobretaxa para quem consumir mais água do que a média. Na prática, o governador tenta atribuir às agências reguladoras a instituição do racionamento.

    O discurso é o mesmo adotado pela Sabesp e pela Arsesp que entendem que o racionamento na Grande São Paulo está pressuposto uma vez que as agências reguladoras ordenaram a redução de captação de água no Cantareira. "O racionamento já existe", disse o governador.

    Comentando a decisão da Justiça, Kelman disse que a Justiça não discorda da aplicação da medida, apenas de sua forma. "É uma questão de semântica", disse ele sobre a necessidade de decretação de racionamento, segundo entendimento da juíza Simone Viegas de Moraes Leme, da 8ª Vara da Fazenda Pública.

    O governo do Estado pretende recorrer da decisão judicial que suspendeu a sobretaxa.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024