O racionamento de água que atinge a capital paulista desde 2013 tem causado prejuízos em restaurantes da cidade.
Na tarde desta quarta (14), a Folha falou com 19 estabelecimentos que registram constantes cortes no abastecimento de água.
No restaurante Suri, em Pinheiros, o chef Dagoberto Torres relata problemas de falta de água há pelo menos cinco dias a partir das 18h. Segundo ele, na última semana, 40 pessoas que estavam na fila de espera da casa tiveram de ser dispensadas porque o restaurante foi obrigado a fechar. Além disso, o local passou a fechar uma hora mais cedo e comprou mais louça.
Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
Funcionária lava louça com água guardada no restaurante Suri, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo |
No Chou, também em Pinheiros, a chef Gabriela Barretto precisou instalar uma caixa d'água extra no final do ano passado. Ela conta que desde a última quinta-feira (9) há desabastecimento a partir das 17h.
"Já cheguei a completar a caixa d'água com garrafas de água mineral porque não consegui contratar caminhão-pipa e o restaurante estava com muitas reservas, não poderia fechar."
Nos Jardins, o Le Jazz enfrenta desabastecimento toda noite há pelo menos um mês, segundo o sócio Gil Leite.
Na última sexta-feira, o Sancho, na região da Consolação, precisou encerrar o serviço sete horas antes do normal por falta de água. A estimativa é que o local tenha deixado de atender 130 pessoas na sexta e 70 pessoas no almoço de sábado.
Próximo dali, a taqueria La Sabrosa contratou caminhões-pipa e serve tacos e bebidas em copos e pratos descartáveis. "Na maior parte do tempo até tem água, mas a pressão é tão baixa que não é suficiente para encher a caixa", diz o sócio Hugo Delgado.
No bar Cão Véio, do chef Henrique Fogaça, a falta de água na última terça (13) fez com que os sócios comprassem cinco galões de 20 litros, gastando cerca de R$ 150 para abastecer a casa durante uma noite.
A Sabesp informa que a falta de água registrada nas ruas Mateus Grou (onde fica Suri e Chou) e Melo Alves (Le Jazz) ocorreu devido à manutenção emergencial na rede de água situada na alameda Tietê. Segundo a companhia, o abastecimento já está sendo normalizado.
FALTA DE LUZ
Não é apenas a água que está escassa e atrapalha os restaurantes, a falta de luz também causa problemas. Onze estabelecimentos relataram falta de luz nos últimos dias.
O sócio do restaurante Ovo e Uva, em Pinheiros, João Renato da Silva conta que na volta do Réveillon perdeu quase todo o estoque de queijos, embutidos e massas frescas por falta de energia por cerca de 12 horas.
"Abrimos a casa em 26 de novembro e desde então sofremos com falta de luz e de água."
Nos Jardins, a Mercearia do Conde afirma que já ficou dois dias sem luz, o que acarretou na perda de ingredientes e encerramento do expediente mais cedo.
No restaurante Sal, em Higienópolis, o chef Fogaça diz que duas vezes por mês falta luz, às vezes com apagão de cerca de sete horas.
"Quando há falta de luz, normalmente paramos a cozinha. Se a casa está cheia e há muitos pedidos, acendemos velas e improvisamos a finalização de alguns pratos que, por exemplo, seriam feitos no forno elétrico."
O chef afirma que fará o orçamento de um gerador para o local. "Fica mais caro perder dias de trabalho."