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    Crise da água

    Corte de água faz restaurantes em São Paulo fecharem mais cedo

    GUSTAVO SIMON
    MAGÊ FLORES
    STEFANIE SILVEIRA
    DE SÃO PAULO

    15/01/2015 02h00

    O racionamento de água que atinge a capital paulista desde 2013 tem causado prejuízos em restaurantes da cidade.

    Na tarde desta quarta (14), a Folha falou com 19 estabelecimentos que registram constantes cortes no abastecimento de água.

    No restaurante Suri, em Pinheiros, o chef Dagoberto Torres relata problemas de falta de água há pelo menos cinco dias a partir das 18h. Segundo ele, na última semana, 40 pessoas que estavam na fila de espera da casa tiveram de ser dispensadas porque o restaurante foi obrigado a fechar. Além disso, o local passou a fechar uma hora mais cedo e comprou mais louça.

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    Funcionária lava louça com água guardada no restaurante Suri, em Pinheiros, zona oeste
    Funcionária lava louça com água guardada no restaurante Suri, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo

    No Chou, também em Pinheiros, a chef Gabriela Barretto precisou instalar uma caixa d'água extra no final do ano passado. Ela conta que desde a última quinta-feira (9) há desabastecimento a partir das 17h.

    "Já cheguei a completar a caixa d'água com garrafas de água mineral porque não consegui contratar caminhão-pipa e o restaurante estava com muitas reservas, não poderia fechar."

    Nos Jardins, o Le Jazz enfrenta desabastecimento toda noite há pelo menos um mês, segundo o sócio Gil Leite.

    Na última sexta-feira, o Sancho, na região da Consolação, precisou encerrar o serviço sete horas antes do normal por falta de água. A estimativa é que o local tenha deixado de atender 130 pessoas na sexta e 70 pessoas no almoço de sábado.

    Próximo dali, a taqueria La Sabrosa contratou caminhões-pipa e serve tacos e bebidas em copos e pratos descartáveis. "Na maior parte do tempo até tem água, mas a pressão é tão baixa que não é suficiente para encher a caixa", diz o sócio Hugo Delgado.

    No bar Cão Véio, do chef Henrique Fogaça, a falta de água na última terça (13) fez com que os sócios comprassem cinco galões de 20 litros, gastando cerca de R$ 150 para abastecer a casa durante uma noite.

    A Sabesp informa que a falta de água registrada nas ruas Mateus Grou (onde fica Suri e Chou) e Melo Alves (Le Jazz) ocorreu devido à manutenção emergencial na rede de água situada na alameda Tietê. Segundo a companhia, o abastecimento já está sendo normalizado.

    FALTA DE LUZ

    Não é apenas a água que está escassa e atrapalha os restaurantes, a falta de luz também causa problemas. Onze estabelecimentos relataram falta de luz nos últimos dias.

    O sócio do restaurante Ovo e Uva, em Pinheiros, João Renato da Silva conta que na volta do Réveillon perdeu quase todo o estoque de queijos, embutidos e massas frescas por falta de energia por cerca de 12 horas.

    "Abrimos a casa em 26 de novembro e desde então sofremos com falta de luz e de água."

    Nos Jardins, a Mercearia do Conde afirma que já ficou dois dias sem luz, o que acarretou na perda de ingredientes e encerramento do expediente mais cedo.

    No restaurante Sal, em Higienópolis, o chef Fogaça diz que duas vezes por mês falta luz, às vezes com apagão de cerca de sete horas.

    "Quando há falta de luz, normalmente paramos a cozinha. Se a casa está cheia e há muitos pedidos, acendemos velas e improvisamos a finalização de alguns pratos que, por exemplo, seriam feitos no forno elétrico."

    O chef afirma que fará o orçamento de um gerador para o local. "Fica mais caro perder dias de trabalho."

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