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    Preso é decapitado em nova rebelião em complexo prisional do Recife

    PATRÍCIA BRITTO
    DE SÃO PAULO

    20/01/2015 19h27

    Após a morte de dois presos em um motim na segunda-feira (19), o Complexo Prisional do Curado, no Recife, registrou uma decapitação após o início de uma nova rebelião.

    Mario Antônio da Silva, 52, foi decapitado por outros detentos na manhã desta terça (20). Ele cumpria pena desde 2006.

    Essa foi a terceira morte no local em dois dias. Na segunda-feira (19), o primeiro-sargento da Polícia Militar Carlos Silveira do Carmo, 44, e o detento Edvaldo Barros da Silva Filho, 34, morreram baleados durante motim no mesmo presídio. Outros 29 presos ficaram feridos.

    Segundo o secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico, os presos reivindicam mais rapidez nas decisões judiciais, melhor tratamento para as famílias em dias de visitas e melhorias nas condições de habitação.

    Edmar Melo-20.jan.2015/JC Imagem
    Com facões, presos pedem resposta ao governador do Estado
    Com facões, presos pedem resposta ao governador do Estado Paulo Câmara

    Pedro Eurico afirma que esteve nesta terça no local para negociar com os presos e que a rebelião foi controlada.

    Os detentos também pediram a substituição do juiz Luiz Rocha, titular da 1ª Vara de Execuções Penais da Capital. Eles argumentam que alguns dos presos já poderiam estar em regime semiaberto, mas não conseguem a remissão da pena por lentidão nos processos.

    Segundo o secretário, uma comissão de representantes dos presos será recebida ainda nesta terça pelo magistrado. Ele disse que nesta terça tentaram esfaquear um preso, mas ele foi resgatado pela equipe do presídio e tratado na enfermaria do complexo prisional.

    REBELIÃO

    O protesto no Complexo Prisional do Curado começou na manhã de segunda-feira, de forma pacífica, mas se tornou violento à tarde, quando houve duas mortes. A Polícia Militar foi chamada para conter a rebelião. Também houve reforço no número de agentes penitenciários.

    Segundo o secretário de Justiça, a PM permaneceu no local até as 23h, quando terminou a revista de presos e a situação voltou à normalidade.

    Nesta terça, porém, os presos aproveitaram o momento em que estavam fora das celas, após o café da manhã, para iniciar novo protesto. Subiram nas lajes dos pavilhões e exibiram faixas com as reivindicações.

    Por volta das 12h, o motim se agravou e o Batalhão de Choque da Polícia Militar entrou novamente no complexo prisional.

    "A PM estava do lado de fora, de prontidão, aguardando o andamento das negociações. Quando houve a decapitação, a PM resolveu entrar para garantir a segurança", disse o secretário.

    VAGAS

    Em nota, a Seres (Secretaria Executiva de Ressocialização) lamentou as mortes e afirmou que o governo de Pernambuco anunciou neste mês medidas para desafogar o sistema prisional do Estado, como a conclusão e entrega de três novos presídios e ampliação de outros dois, incluindo o Complexo Prisional do Curado.

    O Estado tem atualmente 12 mil vagas para 32 mil presos, ou seja, um deficit de cerca de 20 mil vagas. Segundo Eurico, os três novos presídios em construção no Estado e dois em ampliação irão abrir 10 mil novas vagas em até 18 meses.

    "Estamos também pedindo uma audiência com o ministro da Justiça para levar uma proposta de construção de quatro novas unidades", afirmou Pedro Eurico.

    'EFEITO CASCATA'

    Também nesta terça, outra rebelião ocorreu na penitenciária Prof. Barreto Campelo, em Itamaracá, região metropolitana do Recife. A situação já foi pacificada, de acordo com a Seres.

    As reivindicações foram as mesmas dos presos do Curado.

    "Essas rebeliões geram um efeito cascata. É necessário ter um efetivo maior [de agentes penitenciários] pra fazer as contenções dentro dos presídios", afirmou o presidente do Sindasp-PE (Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário de Pernambuco), João Carvalho.

    Segundo Carvalho, Pernambuco precisa de 4.700 agentes para atingir a proporção considerada ideal, de um agente para cada cinco presos.

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