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    'Trote é tortura', diz professor da USP em CPI que apura denúncia de estupros

    MONIQUE OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    21/01/2015 18h12

    Em nova reunião na Assembleia Legislativa para discutir denúncias de violação de direitos humanos em universidades, nesta quarta (21), professores da USP criticaram a "cultura do trote" —que, segundo eles, está relacionada à demonstração de poder na sociedade.

    "A universidade tem que se afastar completamente do trote", afirmou Antonio Ribeiro de Almeida Júnior, da Esalq (escola de agricultura). Para ele, o trote é uma forma de marcar a hierarquia na instituição e, mesmo as práticas consideradas mais leves envolvem, de alguma forma, violência e tortura.

    "Há um tipo de personalidade masculina, que bebe, que arruma briga, que maltrata mulheres", declarou o professor, que dá aula de sociologia na USP e tem três livros publicados sobre a cultura do trote.

    A CPI foi aberta no ano passado para apurar as denúncias de estupro na Faculdade de Medicina da USP. Agora, investiga todas as violações de direitos humanos em instituições públicas do país.

    Durante a reunião, Marco Akerman, professor da Faculdade de Saúde Pública, defendeu uma análise mais profunda em relação ao tema. "A gente tem que trabalhar com os determinantes sociais do trote", disse, na CPI.

    "Nós falamos em prevenir, mas é preciso entender a lógica. O trote é uma maneira de introduzir a hierarquia", afirmou.

    Na Faculdade de Medicina, exemplifica o professor, o trote tem uma lógica de poder que vai se estender para toda a sociedade.

    Segundo Akerman, é um compromisso social defender a vida nas escolas de medicina, e o trote é um ritual de opressão.

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