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    Ary da Rocha Sundfeld (1919-2015) - Aprendeu a datilografar numa caixa

    DE SÃO PAULO

    23/01/2015 00h01

    A fim de sair da paulista Pirassununga, onde nascera, o jovem Ary da Rocha Sundfeld foi tentar o concurso do Banco do Brasil, que incluía uma prova de datilografia. Como não tinha máquina de escrever, aprendeu a técnica em uma caixa de sapatos na qual desenhou as letras.

    Aprovado, foi trabalhar no prédio que hoje abriga o Centro Cultural Banco do Brasil, no centro de São Paulo.

    Praticava remo no rio Tietê, ainda limpo nos anos 1940, e morava na pensão da mãe da cantora Dalva de Oliveira.

    Muitas vezes, era incumbido de pegar o trem na estação da Luz e levar dinheiro às agências das cidades mais distantes do Estado. Não havia nenhum tipo de segurança: as notas iam numa simples sacola, com o nome do banco bem visível na lateral.

    Por causa do emprego, morou em Curitiba, Florianópolis e Joaçaba, então um vilarejo em Santa Catarina, antes de chegar à administração central, no Rio de Janeiro.

    Assistiu no Maracanã à final da Copa de 50, entre Brasil e Uruguai. O tumulto na saída era tamanho que pensou que iria morrer —mas só perdeu o relógio de pulso.

    Trocou a praia de Copacabana pela pequena Limeira (SP), para poder tomar o trem aos sábados e visitar a mãe, doente em Pirassununga.

    Em uma das viagens, no feriado de 15 de novembro, conheceu Zezé, com quem seria casado por seis décadas.

    Depois de se aposentar, divertia-se viajando com a mulher, cuidando da casa, ajudando os quatro filhos e oito netos. Até seus últimos dias, surpreendia Zezé com bilhetinhos românticos.

    Morreu no sábado (17), aos 95, de insuficiência cardíaca.

    coluna.obituario@uol.com.br

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