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    Minhocão faz 44 anos em meio a debates sobre como desativá-lo

    BRUNO FÁVERO
    DE SÃO PAULO

    25/01/2015 02h00

    Rivaldo Gomes/Folhapress
    Especialistas debatem qual sera o futuro do Minhocão após o Plano Diretor decidir por sua desativação
    Especialistas debatem qual sera o futuro do Minhocão após o Plano Diretor decidir por sua desativação

    Inaugurado pelo então prefeito biônico Paulo Maluf no aniversário de São Paulo, em 1971, o Minhocão, faz 44 anos neste domingo (25), em meio a debates sobre seu futuro.

    Construído para desafogar o trânsito no eixo Leste-Oeste da cidade e apresentado por Maluf como "nova solução de sistema viário", o elevado de 3,4 km de extensão é hoje apontado como causa da degradação e desvalorização de imóveis e espaços no entorno da avenida São João.

    Após a Câmara dos Vereadores aprovar, em novembro, um projeto que prevê a desativação gradual do Minhocão, políticos, arquitetos, artistas e moradores discutem o que fazer com o "presente" que ficou para a cidade.

    Um grupo, liderado pela Associação Parque Minhocão, se articula para viabilizar a ideia de reformar a estrutura de concreto para que aquilo vire um espaço de lazer na região central.

    "A verdade é que o Minhocão já é um parque, já é usado como um pelas pessoas nos fins de semana", diz o artista plástico Paulo von Poser, membro da associação.

    Do outro lado, parte dos urbanistas argumenta que a melhor solução é implodir a construção, a exemplo do que foi feito com o Elevado da Perimetral, no Rio de Janeiro, no último ano.

    "Eu já fui a favor de fazer um parque, mas a estrutura do Minhocão é de má qualidade e precisa ser reformada. O custo para fazer um jardim ali seria muito alto", diz a urbanista Regina Meyer, da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo).

    "O que precisamos é de um projeto de qualidade para a avenida São João e o seu entorno, para que a demolição do Minhocão seja o ponto de partida de uma renovação de toda a região", argumenta a professora.

    "É óbvio que a construção do elevado não respeitou na sua origem nenhum parâmetro de obra urbanística ao ser inserido de forma arbitrária e unilateral em bairros consolidados", diz Meyer, para concluir: "Preservá-lo, portanto, seja qual for a finalidade, como viário ou área de lazer, não diminuirá seu impacto negativo na avenida São João e entorno".

    Querer a demolição é ter a "visão romântica" de que São Paulo pode voltar a ser o que era antes da obra, afirma Von Poser. "Isso não existe, o que precisamos é requalificar espaços que já temos", completa.

    Para Eduardo Nobre, da FAU-USP, o efeito de uma eventual demolição seria limitado às imediações, enquanto uma transformação maior só seria possível com a retirada das linhas de trem que passam pela Luz.

    "O trem é a última barreira entre o centro e a Marginal Tietê. Se também fosse removido, haveria boom imobiliário na Barra Funda, na Móoca, nos bairros do entorno", diz. "Não estou falando que seria bom, a tendência seria um centro mais elitizado, mas mudaria bastante a área."

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