Há quem diga que Itália Giampa Scheibel alfabetizou a paulista Pederneiras quase inteira. Houve época em que, se dependesse dos pais, ela teria uma sala com cem alunos. Todos queriam que a simpática e alegre professora educasse suas crianças.
Itália cursou o normal em São Carlos, onde nasceu. Como não queria saber de deixar o diploma pendurado na parede, lecionou em outros lugares do Estado de São Paulo antes de se mudar, em 1950, para a cidade em que passaria quase toda a vida.
Sem conhecer ninguém em Pederneiras, instalou-se em um hotel –seu quarto foi mobiliado pelo pai, que não queria que ela vivesse em um lugar tão informal. Lá, conheceu o também "forasteiro" Gilberto, com quem se casaria no ano seguinte.
Os três filhos, Lavínia, Gilberto e Júlio, aprenderam as primeiras letras com dona Itália, a exemplo das outras crianças da cidade. Porém, nem se acertassem todo o exercício ela lhes dava dez.
Depois da aposentadoria e da morte do marido, há cerca de 30 anos, descobriu o prazer de viajar, principalmente para o país de seus pais –e que lhe rendeu tal nome.
Às vezes, quando Lavínia a convidava para visitar um dos irmãos, dava como resposta: "Prefiro ir para Roma".
Não escapava de receber parabéns pelo Dia do Professor nem quando estava viajando. Algumas eternas alunas davam um jeito de encontrá-la até em outro continente.
Morreu na quarta (21), de infecção generalizada, a menos de três meses de completar cem anos. Deixa os filhos, quatro netos e dois bisnetos.