Mesmo com pouca idade, o estudante de economia Kim Kataguiri, 18, já fala num tom professoral. Explica teorias econômicas, cita filósofos modernos e faz discursos para a plateia que o ouve no vão livre do Masp.

Ele participava de uma "aula pública" sobre soluções para o transporte público de SP, organizada pelo Movimento Brasil Livre –jovens de classe média que se dizem liberais.

Poucas horas antes do protesto do MPL, Kim usa de boa retórica para explicar quais são as suas soluções: a livre concorrência –argumento contrário ao que prega o Movimento Passe Livre.

"O grande problema do transporte não são as empresas, mas sim a regulação", diz. Para ele, todas as empresas poderiam, se quisessem, lançar-se no mercado de ônibus, por exemplo.

Com a concorrência, e sem regulação do preço da tarifa pelo poder público, a passagem seria mais barata porque ganharia o jogo quem oferecesse o menor preço, diz.

No ano passado, o Brasil Livre organizou protestos conta Dilma Rousseff, após a petista se reeleger presidente da República.
Ontem, no vão livre do Masp, o grupo montou um equipamento de som para "espalhar a ideia liberal".

Os discursos teóricos atraíram 30 pessoas, no começo. O público só aumentou quando começou a chover forte na avenida Paulista, e as pessoas foram se abrigar embaixo do museu.

Para deixar o clima menos árido, uma banda de rock (rapazes de terno, gravatas borboleta, cantando em inglês) se apresentou entre os discursos.

"Se tivesse o passe livre, como pede esse grupo que faz vandalismo, pagaríamos muito mais impostos", argumenta Kim. "É uma utopia."

O estudante, que cursa economia na Federal do ABC, diz ser difícil a vida de um jovem liberal nas universidades do país. "O pensamento é hegemônico: todo mundo é de esquerda."

"Mas tenho amigos de esquerda, não quer dizer que eles não sejam gente boa."

De canto, uma garota com uma camiseta do MPL assistia à aula liberal. "Não concordo com nada do que eles estão falando", diz Priscila Rodrigues, 25, aluna de direito. "O governo tem muito dinheiro de impostos, e poderia bancar sim o passe livre."