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    Crise da água

    Seca faz escola reduzir limpeza e brincadeira

    THAIS BILENKY
    DE SÃO PAULO

    26/01/2015 02h00

    Neste ano, os alunos do colégio Palmares, em Pinheiros (zona oeste de São Paulo), não serão recebidos com o tradicional banho de esguicho que dá início às aulas.

    Aliás, os esguichos foram aposentados. Não são mais usados nem para lavar pátios (panos úmidos resolvem) nem para regar o jardim (regadores gastam menos água). Além das caixas-d'água existentes, o Palmares construiu outro reservatório e estuda implantar uma cisterna.

    Apesar da precaução, a escola precisou recorrer ao caminhão-pipa na sexta (23) para abastecer a cantina. A comida tem sido preparada com água mineral engarrafada. E não é só o Palmares que adotou pacote anticrise. Diante da possibilidade de apagão elétrico e falta de água, alguns dos colégios particulares se preparam para o pior na volta às aulas.

    Com o início do ano letivo da maioria das escolas nesta segunda (26) e na próxima (2), em um verão com recordes de calor, o consumo de água deve se acentuar. Mais de uma vez a água rareou no Santo Américo, na zona oeste, que tem poços artesianos, mas investe na ampliação dos reservatórios.

    Dante Alighieri e Santa Cruz também possuem poços e não dependem da Sabesp. Mas ambos estudam captação de água da chuva para reúso. No Gracinha, na zona oeste, quadras e pátios passarão a ser limpos quinzenalmente ou até mensalmente. Antes, era semanalmente.

    No Stance Dual, no centro, os alunos serão orientados a ser econômicos inclusive ao escovar os dentes, diz a coordenadora Debora Moreira.

    Campanhas de conscientização viraram praxe. O Bandeirantes, por exemplo, faz trabalhos pedagógicos e até feiras de ciências voltados ao tema. No Vera Cruz, as ações permitiram a redução em 27% do consumo de água em 2014.

    A maioria das escolas tem geradores para o caso de faltar energia elétrica. O do Palmares, por exemplo, tem vida útil de 24 horas. Se faltar luz por período maior, pode ser inevitável o cancelamento das aulas, admite a diretora pedagógica Denise Krein.

    A mensalidade da escola varia de R$ 2.600 a R$ 3.500. Os alunos costumam morar em bairros de classe média e média alta. E não raro contam aos professores que o problema da falta de água chegou também às casas.

    Fernanda Raposo, 8, mora na Vila Madalena (zona oeste) e na casa dela tem faltado água. A estudante diz se lembrar do banho de esguicho na escola de verões passados. "Era legal. Os tios jogavam água na gente", conta. "Mas agora tem de economizar, porque sem água não dá pra fazer quase nada", diz sobre a suspensão da brincadeira.

    REDE PÚBLICA

    No segundo semestre do ano passado, mais de 30 escolas municipais sofreram desabastecimento de água. Questionada sobre eventuais medidas preventivas, a Secretaria Municipal de Educação informou que as escolas que tiverem problemas deverão oficializar o desabastecimento à Sabesp e informar a necessidade de carros-pipa.

    A pasta disse que todas as escolas têm caixas-d'água que garantem a continuidade das atividades durante "interrupções temporárias".

    A Secretaria do Estado da Educação informou que instalará caixas-d'água em escolas e que prevê cisternas em 20 unidades. Também disse que trabalha para que novas construções tenham sistema para reúso de águas pluviais.

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