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    Greve de motoristas deixa Curitiba sem transporte coletivo nesta segunda

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    26/01/2015 08h41

    A greve de motoristas e cobradores deixou os moradores de Curitiba sem ônibus na manhã desta segunda-feira (26). Cerca de 2 milhões de passageiros dependem do transporte coletivo na capital paranaense.

    A categoria reclama que, desde o fim do ano passado, as empresas de transporte têm atrasado os salários. No último dia 20, os trabalhadores não receberam o adiantamento de 40% do salário, o que motivou a paralisação de hoje.

    Segundo o Sindimoc (sindicato da categoria), 100% dos ônibus deixaram de circular. A Prefeitura de Curitiba conseguiu ordem da Justiça para manter pelo menos 50% da frota nas ruas, mas o sindicato diz não ter sido notificado. A paralisação é por tempo indeterminado.

    Estelita Hass Carazzai/Folhapress
    Ponto de ônibus no centro de Curitiba totalmente deserto na manhã desta segunda-feira (26)
    Ponto de ônibus no centro de Curitiba totalmente deserto na manhã desta segunda-feira (26)

    Desde a meia-noite, piquetes em frente às garagens das empresas de transporte impedem a saída dos veículos. Alguns ônibus tiveram os pneus esvaziados.

    Com a greve, passageiros dependem de lotações particulares, que cobram R$ 6 pela passagem (contra R$ 2,85 da tarifa normal), ou do transporte individual para chegarem ao trabalho.

    Muitos moradores de Curitiba se atrasaram pela manhã. Algumas lojas no centro só abriram perto do meio-dia. Outros empresários, prevenidos, buscaram seus funcionários de carro, em "caravanas", ou pagaram táxis.

    A prefeitura tentou remediar: para substituir os icônicos biarticulados –os ônibus "vermelhões" que se tornaram símbolo do transporte de Curitiba–, kombis foram colocadas à disposição dos passageiros nos principais terminais. As peruas operam gratuitamente e fazem o mesmo roteiro dos biarticulados.

    "Estão certíssimos de fazerem greve. Trabalhar sem receber?", comentou a assistente administrativa Elizabete dos Santos Gois, 48. Depois de desistir de esperar pelo ônibus que a levaria ao trabalho, ela ainda aguardou uma hora e meia no telefone para conseguir um táxi nesta manhã. "Só consegui ser atendida às 9h. As linhas só davam ocupado."

    O trânsito também ficou mais congestionado do que o normal pela manhã. Mas o movimento, tanto nos terminais de ônibus quanto nas ruas, foi menor que em greves passadas, por causa das férias escolares.

    Esta é a terceira greve geral dos ônibus em Curitiba desde 2012.

    FUNDO POLÍTICO

    As empresas de ônibus argumentam que estão sem dinheiro devido a atrasos nos pagamentos feitos pelo poder público.

    O governo do Paraná, comandado por Beto Richa (PSDB), dá um subsídio mensal ao sistema, mas ainda não pagou as últimas três parcelas, numa dívida de R$ 16,5 milhões.

    A prefeitura, gerida pelo adversário político Gustavo Fruet (PDT), afirma que a falta desse repasse impediu o pagamento integral às empresas.

    Governo e prefeitura travam agora uma queda de braço para definir o valor mensal dos repasses. No início do mês, o convênio que firmava o subsídio expirou.

    A gestão de Richa quer pagar menos por passageiro; a prefeitura discorda do cálculo feito pelo governo e o acusa de "desinteresse" pelo transporte coletivo.

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