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    Crise da água

    Grande São Paulo amplia cortes de água e faz novas 'vítimas' da seca

    FABRÍCIO LOBEL
    MONIQUE OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    27/01/2015 02h00

    Principal aposta do governo Geraldo Alckmin (PSDB) para economizar água diante da grave estiagem, a redução da pressão nas tubulações da Sabesp está ampliando o número de "vítimas" da crise hídrica na Grande SP.

    Ao reduzir a pressão na rede de abastecimento, o governo "empurra" menos água pelos canos. Por um lado, reduz os vazamentos no sistema. Por outro, deixa casas sem água, em especial aquelas localizadas em pontos altos.

    A estratégia tem sido ampliada à medida em que os reservatórios que abastecem a Grande São Paulo se aproximam do colapso.

    O Cantareira, que atende 6,2 milhões de pessoas, operava nesta segunda-feira (26) com 5,1% da sua capacidade.

    Na capital paulista, há relatos de falta de água em todas as regiões. Alguns sentem os efeitos da redução de pressão pela primeira vez.

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    O síndico José Marques; prédio fica sem água após as 14h
    O síndico José Marques; prédio fica sem água após as 14h

    Na Bela Vista, no centro, falta água todos os dias a partir das 14h no prédio em que José Marques é síndico.

    "Só vai voltar às 6h e, à tarde, novamente não tem mais nada." Segundo o síndico, começou a faltar água há duas semanas e, agora, não dá mais nem para preencher as caixas do prédio.

    "Tenho mais de 100 mil litros de reserva, mas não consigo encher, tem que ir tudo para consumo mesmo", diz.

    O início da falta de água no prédio coincide com o momento em que o novo presidente da Sabesp, Jerson Kelman, anunciou que intensificaria a redução da pressão nos encanamentos.

    Atualmente, de acordo com a Sabesp, a redução de pressão é responsável por uma economia diária de 8 mil litros por segundo na Grande São Paulo. O valor é cerca da metade do que vem sendo retirado do sistema Cantareira.

    No início do mês, Kelman admitiu que a intensificação da manobra de redução de pressão poderia deixar ainda mais pessoas sem água.

    É o que está acontecendo também no Tatuapé, na zona leste. No bairro, um restaurante japonês teve que interditar o banheiro. "Só teve água um dia nessa semana", relatou uma funcionária do estabelecimento.

    Ela diz que o estabelecimento está comprando galões para garantir que seja possível, por exemplo, lavar a mão e a louça.

    Há duas semanas, o mesmo fenômeno ocorre para moradores da rua Cardeal Arcoverde, em Pinheiros, na zona oeste da capital.

    A Sabesp afirma que, devido à redução de pressão, casas em locais mais elevados e sem caixa-d'água estão sujeitas à falta de água.

    A empresa diz ainda que está reavaliando o período de redução de pressão em determinados pontos para evitar que moradores fiquem um dia inteiro sem água.

    De acordo com a empresa, alguns locais "não conseguem, muitas vezes, receber água a tempo de encher as caixas-d'água, já que estão em pontos mais altos e distantes das estações".

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