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    Rio de Janeiro

    Jovem é baleado no Alemão; Rio tem 17 vítimas de balas perdidas

    DIANA BRITO
    DO RIO

    27/01/2015 10h32

    Um adolescente de 16 anos foi baleado nas costas, na noite desta segunda-feira (26) durante troca de tiros entre bandidos e policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio.

    Com isso, chega a 17 o número de vítimas de balas perdidas em menos de dez dias na região metropolitana. Quatro morreram.

    Em nota, a coordenadoria das UPPs informou que policiais faziam ronda na favela Fazendinha, no Alemão, quando foram recebidos a tiros por criminosos, na localidade conhecida como Inferno Verde. Houve confronto, mas os suspeitos conseguiram fugir.

    "Pouco depois, um adolescente deu entrada baleado no hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha [zona norte]. O policiamento foi reforçado na comunidade. Cabe esclarecer que nenhuma base da UPP foi atacada por criminosos", afirmou a coordenadoria.

    A Folha apurou que o jovem baleado é morador da favela. Até as 9h30, o adolescente havia passado por cirurgia e continuava em observação no hospital. De acordo com médicos, ele não corre risco de morte.

    Balas perdidas

    OUTROS CASOS

    Na noite de domingo (25), uma jovem de 21 anos morreu vítima de bala perdida, durante confronto entre criminosos e policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, em São Conrado (zona sul).

    Segundo a coordenadoria das UPPs, a vítima –Adriene do Nascimento– chegou a ser socorrida no Hospital Municipal Miguel Couto, mas não resistiu. Em nota, a PM afirmou que policiais faziam ronda de rotina quando foram surpreendidos a tiros por criminosos.

    Na mesma noite, três pessoas foram vítimas de balas perdidas em um confronto entre criminosos em Mesquita, Baixada Fluminense.

    O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse que os episódios foram provocados por uma "nação de criminosos" que se criou no Rio "com irresponsabilidade pela vida humana e idolatria por armas".

    "A polícia tem, sim, seus problemas, mas é muito importante o questionamento da sociedade porque essas balas perdidas foram, em sua maioria, provocadas por traficantes e não em confrontos com policiais, com exceção do caso da Rocinha", disse.

    Testemunhas disseram à polícia que criminosos de quadrilhas rivais trocavam tiros no morro do Chapadão, em Costa Barros, na zona norte, quando uma menina de 12 anos foi baleada, na madrugada desta segunda.

    No sábado (24), outro adolescente, de 14 anos, foi baleado no braço quando brincava no playground de um condomínio em Niterói, na região metropolitana. Parentes disseram que, inicialmente, o garoto achou que tivesse sido atingido por um raio. A família só descobriu que ele havia sido baleado após uma radiografia.

    No mesmo dia, outras duas pessoas foram atingidas por balas perdidas. Uma mulher de 46 anos e um adolescente foram baleados durante um confronto no morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, na zona norte do Rio.

    Os dois foram atendidos na Unidade de Pronto Atendimento local. Em São Gonçalo, Diogo da Silva Santos, 23, morreu durante um tiroteio no centro da cidade.

    No dia 23 de janeiro, um homem também foi ferido por um tiro no parque Madureira, zona norte. Edson Jesus dos Santos, 20, foi atingido enquanto assistia ao Mundial de Skate. Ele foi baleado de raspão no braço e na perna e levado para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, bairro vizinho.

    No mesmo dia, foi enterrado o menino Asafe William Ibrahim, 9, que teve morte cerebral após ter sido baleado na cabeça no dia 18 de janeiro, quando aproveitava o dia com a família num clube, em Honório Gurgel, também na zona norte.

    No dia 17 de janeiro, Larissa de Carvalho, de apenas 4 anos, morreu após ser atingida por um tiro quando saia com a mãe e o padrasto de um restaurante em Bangu, zona oeste.

    No bairro, foram feridos ainda Carlos Eduardo Rodrigues, 33, e Márcia Costa, 44, na terça-feira (20). William Robaiana, 35, foi baleado em Santa Cruz, zona oeste, na quinta-feira (22), quando saia de casa.

    PROTESTO

    Ex-comandante da Polícia Militar do Rio, Ubiratan Angelo, da ONG Viva Rio, diz que o aumento dos confrontos acontece desde 2014. "Cresceu o número de tiroteios pela disputa de território de criminosos de facções rivais e isso aumenta a possibilidade de pessoas atingidas por balas perdidas",

    A ONG Rio de Paz, vinculada ao Departamento de Informação Pública da ONU (Organização das Nações Unidas), promoveu no domingo (25) ato na praia de Copacabana, zona sul da cidade, para alertar autoridades e sociedade sobre a violência que está gerando a morte, por balas perdidas, de crianças no Rio de Janeiro.

    Com cartazes e um faixa com a frase "A violência está matando as nossas crianças", pais e parentes de crianças mortas pediram justiça, ao lado de uma cruz de três metros de altura fixada na areia.

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