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    Com greve, Curitiba admite subir a tarifa de ônibus para a faixa de R$ 3

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    28/01/2015 18h05

    No terceiro dia de greve de motoristas e cobradores, a Prefeitura de Curitiba admitiu a possibilidade de aumentar a tarifa de ônibus, hoje em R$ 2,85, para mais de R$ 3 até o final da semana.

    Em entrevista à imprensa nesta quarta-feira (28), o prefeito Gustavo Fruet (PDT) disse que até sexta (30) haverá novas definições sobre o sistema de transporte coletivo da cidade –que foi pioneiro na adoção de vias exclusivas para ônibus, o famoso BRT (Bus Rapid Transit, na sigla em inglês), copiado em todo o mundo.

    Entre as medidas aventadas, está o aumento da passagem e a possível desintegração do sistema na região metropolitana. Hoje, 14 municípios fazem parte da rede, e todos os passageiros pagam a mesma tarifa.

    A partir de sexta, é possível que a passagem tenha preços diferentes para a região metropolitana e para a área urbana. "Vamos trabalhar até o fim pela integração. Mas a conta tem que ser clara. A prefeitura não pode assumir", declarou Fruet.

    CRISE FINANCEIRA

    O sistema de transporte de Curitiba vem enfrentando desequilíbrio financeiro desde 2004. O preço da tarifa não suporta mais os custos. Para fechar a conta, prefeitura e governo do Paraná têm desde então feito subsídios milionários aos ônibus, que chegam a R$ 65 milhões por ano.

    O custo real do sistema, hoje, é de R$ 3,18 por passageiro –11% a mais que a tarifa praticada. As empresas, porém, dizem que esse valor já alcançou R$ 3,75.

    Atrasos nos repasses de prefeitura e governo têm prejudicado a operação. Motoristas e cobradores se queixam de atrasos nos salários e deflagraram greve por não terem recebido o adiantamento salarial do último dia 20.

    As linhas metropolitanas são as que custam mais. O governo do Paraná tem feito aportes no sistema para sustentar o custo, mas passou a discordar dos valores devidos no ano passado. Fruet e o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), são adversários políticos.

    Prefeitura e governo ainda tentam fechar um acordo, até sexta (30), para viabilizar a tarifa única. Mas, sem consenso, a possibilidade da dupla tarifa é grande.

    "Não se pode reduzir tudo a uma mera briga política", declarou o prefeito. "Há uma questão técnica por trás." O governo diz estar fazendo todo o esforço para viabilizar a integração, mas admite dificuldades financeiras para manter o subsídio.

    Nesta quarta, mesmo com a greve, cerca de 90% dos ônibus circularam em Curitiba. Um acordo feito ontem no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) estabeleceu que o pagamento dos salários atrasados será feito até esta quinta (29).

    Caso os salários sejam depositados, os ônibus voltarão ao normal.

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