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    Conselho vai fiscalizar os médicos reprovados em exame a partir de 2016

    CLÁUDIA COLLUCCI
    DE SÃO PAULO

    30/01/2015 02h00

    A partir de 2016, o Cremesp (Conselho Regional de Medicina paulista) passará a fiscalizar os novos médicos que tiverem sido reprovados no exame do conselho e que forem atuar no Estado.

    Eles terão que apresentar relatórios de suas atividades ao Cremesp e fazer cursos de capacitação, por exemplo.

    Resultados do "provão" de 2014, divulgados nesta quinta-feira (29), mostraram que 55% dos 2.891 recém-formados em medicina no Estado de São Paulo não conseguiram acertar mais de 60% do conteúdo da prova –critério mínimo para a aprovação.

    Por exemplo, 67% dos futuros médicos não souberam diagnosticar uma pneumonia em um bebê de seis semanas e outros 37% erraram no diagnóstico de um caso de pancreatite aguda.

    "Lamentavelmente, a qualidade não tem melhorado. A situação é pior nas escolas novas, com menos de dez anos. Além de não terem estrutura, seus alunos não têm preparo intelectual para estar no curso de medicina", afirma Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp.

    Entre as escolas médicas públicas, o índice de reprovação foi de 33%. Já entre as particulares, a taxa foi quase o dobro, de 65,1%.

    Apesar de ser um exame obrigatório, mesmo quem for reprovado pode obter o registro de médico porque, por força de lei, o conselho não pode condicionar o registro ao resultado de uma prova. Para tanto, seria preciso uma lei federal, como acontece com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

    Diante dessa limitação legal, Luna Filho diz que o Cremesp está elaborando uma uma nova resolução com objetivo de acompanhar a atuação dos médicos reprovados.

    "Não podemos continuar passivos, esperando que o governo tome providência. Precisamos fazer algo para proteger a sociedade", diz.

    No ano passado, o Ministério da Saúde se posicionou contrário ao exame, defendendo uma avaliação seriada do aluno: no 2º, 4º e 6º anos do curso. Mas a proposta não avançou até agora.

    Em países como os EUA, Canadá e a Inglaterra, o Estado é responsável por avaliar o médico antes que ele chegue ao mercado.

    O conselho paulista é o único que realiza esse tipo de avaliação. Segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina), não há um consenso nos outros Estados sobre a metodologia do exame.

    O CFM defende um exame de progresso dentro das universidades, com prova prática incluída –o que não é feito no exame do Cremesp.

    A prova de 2014 foi composta por 120 questões de múltipla escolha, com cinco alternativas de respostas, e abrangeu as principais áreas, como clínica médica, pediatria, ginecologia e cirurgia.

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