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    Após Copa, polícia alivia prisões de manifestantes em protestos em SP

    GIBA BERGAMIM JR.
    LEANDRO MACHADO
    DE SÃO PAULO

    31/01/2015 02h00

    Somente um de 85 manifestantes detidos nos primeiros cinco protestos deste ano contra a alta das tarifas do transporte público em São Paulo foi indiciado, isto é, formalmente acusado de crimes durante as manifestações.

    O dado mostra uma mudança nas investigações em relação aos atos na Copa.

    Em 2015, foram seis atos até agora e em todos houve alguma depredação –a bancos, lojas, metrô ou monumentos.

    O único acusado é um jovem de 23 anos flagrado por câmeras depredando agências. Seu nome não foi divulgado. Ele deve responder à acusação de dano ao patrimônio, delito considerado leve, em que a pena costuma ser prestação de serviços.

    Os demais ou são investigados por delitos semelhantes ou foram liberados por falta de provas, segundo dados da polícia, obtidos pela Folha, relativos aos cinco primeiros atos.

    Os registros feitos por delegados de três distritos policiais mostram um abrandamento na tentativa de punir manifestantes envolvidos em protestos violentos, se comparados às ocorrências nos atos contra a Copa.

    Em 2014, as investigações foram centralizadas no Deic (departamento para crime organizado), que abriu inquérito contra ativistas por associação criminosa, crime punível com prisão. Ao menos quatro respondem a processos.

    Já nos atos deste ano, os 85 detidos –4 deles menores de idade– foram levados às delegacias das áreas onde ocorreram os protestos.

    A polícia iniciou investigação contra 52 suspeitos de cometer delitos como dano ao patrimônio, lesão corporal e desacato, sem indiciá-los.

    Outros cinco foram citados num boletim de ocorrência de apreensão de objetos. Nove acabaram mencionados num registro de natureza não criminal. E os 18 restantes foram liberados por falta de provas.

    Na quinta (29), após o sexto protesto, dois jovens foram levados à delegacia portando bolinhas de gude e latas de spray. A Folha não teve acesso aos boletins de ocorrência.

    JUNHO DE 2013

    Desde junho de 2013, quando uma série de grandes manifestações tomou o país, os governos federal e estadual passaram a defender punições mais rígidas para ativistas envolvidos em confrontos com a polícia ou depredações.

    A intenção ganhou força após a morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido por uma bomba acionada por um manifestante no Rio.

    Em junho, após ato durante a Copa, os ativistas Rafael Lusvarghi e Fábio Hideki Harano ficaram 45 dias presos acusados de porte de explosivos e associação criminosa. Foram absolvidos da primeira acusação, mas foram denunciados à Justiça e respondem a processo pela segunda.

    Segundo a Secretaria de Segurança, as prisões de 2014 referem-se a inquérito específico para identificar manifestantes que lideravam atos violentos. Neste ano, não há investigação do tipo e, por isso, os registros refletem a interpretação dos delegados com base em provas mostradas por PMs.

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