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    Crise da água

    Pescador de latinhas sobrevive do lixo retirado das águas da represa Billings

    EMILIO SANT'ANNA
    DE SÃO PAULO

    01/02/2015 02h00

    "Dá muito por aqui. Na verdade, é só o que dá", diz o "pescador" à beira da Billings. Dali, no entanto, não vai sair peixe nenhum. Apenas latinhas de alumínio.

    Com um pedaço comprido de pau nas mãos, corpo curvado, olhar fixo na água, Odair Leal, 62, desempregado, diz que há quatro meses está vivendo exclusivamente disso –de "pescar" latas em meio à sujeira.

    Por ali, o lixo quase esconde parte do braço da represa situado em frente ao bairro de Pedreira, na zona sul da capital paulista.

    Da família, não tem notícias há tempos. Emprego, diz não arranjar. Sustento mesmo, só no lixo. "Cardumes" maiores desfilam na sua frente: são garrafas pet e sacos plásticos, mas esses não valem nada.

    As latinhas podem ser mais difíceis de achar, mas conta diz que elas lhe rendem R$ 4 ou R$ 5 diários, mais do que necessários para conseguir se alimentar.

    Há também o lixo orgânico, em profusão, formando placas no meio da água. O cheiro invade a máscara mais fechada, penetra em qualquer lugar e parece te acompanhar pelo resto do dia.

    PROGRAMA

    Segundo a Sabesp, há nove anos, em 2006, foi desenvolvido um acordo de cooperação técnica entre a Prefeitura de São Bernardo do Campo e o governo japonês, com participação da empresa, para elaboração de um plano de melhoria ambiental na área de mananciais da represa.

    A população local beneficiada foi de 250 mil habitantes e, em toda a região metropolitana, de 5 milhões, de acordo com a companhia.

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