• Cotidiano

    Sunday, 05-May-2024 12:23:58 -03

    Grupo Gay da Bahia faz concurso para rebater canção 'Quem banca é o viado'

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    02/02/2015 12h57

    "Eu estou de olho / estou ligado / eu vi você saindo da casa do viado / Eu vi, de tênis novo / Eu vi, de boné novo / Eu vi celular iPhone / Eu vi, vou contar para o bonde".

    Sucesso na periferia de Salvador, a música "Quem banca é o viado", de Robyssão, ícone do "pagofunk ostentação", despertou a ira dos militantes gays da Bahia.

    A reação foi imediata: o Grupo Gay da Bahia lançou um concurso oferecendo R$ 1.000 para quem fizesse uma canção-resposta. E a letra vencedora foi gravada por Mr. Galiza, outro cantor de pagofunk popular na periferia e que rivaliza com Robyssão.

    Ouça

    Ouça

    Na canção acusada de homofobia pelo GGB, Robyssão fala sobre um homem que volta cheio de presentes após se encontrar com um homossexual.

    O cantor, porém, nega que a letra da música tenha teor homofóbico: "O foco da música não são os homossexuais, mas os oportunistas que os namoram por interesse", defende-se.

    O Grupo Gay da Bahia não se convenceu. Afirma que a música é uma apologia ao preconceito, ao resumir as relações homossexuais ao interesse financeiro.

    "A letra é ofensiva e, pela forma como é cantada, supõe-se que seja um recado para algum conhecido dele. Ou então é uma referência autobiográfica", provoca Marcelo Cerqueira, presidente da entidade.

    O Grupo Gay preparou uma tiragem de mil discos com a música vencedora do concurso. Com letra da professora universitária Salete Maria, a música "Mais amor, por favor" condena o preconceito.

    "Se não faz mal a ninguém é aí o que é que tem?"

    O GGB ainda ingressou com uma notícia-crime no Ministério Público da Bahia denunciando a música.

    'RALA A TCHECA NO CHÃO'

    Esta não é a primeira vez que as músicas de Robyssão são contestadas na Bahia. Em 2011, as letras do cantor inspiraram a aprovação de uma "lei antibaixaria" na Assembleia Legislativa da Bahia.

    Na época, o pagofunkeiro cantava músicas como "Me dá a patinha", "Perereca pisca" e "Rala a tcheca no chão."

    Com o barulho, os deputados criaram uma legislação que impede o governo da Bahia de contratar bandas cujas letras de músicas sejam ofensivas à mulher.

    No início dos anos 2000, Salvador viveu outra polêmica musical às vésperas do Carnaval. A música "Tapa na Cara", cuja letra fazia referência a uma mulher que gostava de receber tapas, dividiu os artistas baianos.

    O então prefeito Antônio Imbassahy (PFL, hoje no PSDB) classificou a letra da música de "deprimente" e "chocante".

    Divulgação
    O cantor Robyssão, cuja música gerou críticas de grupo de defesa gay na Bahia
    O cantor Robyssão, cuja música gerou críticas de grupo de defesa gay na Bahia

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024