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    Entidades criticam ação da polícia que deixou 12 mortos em Salvador

    RAFAEL GÓMEZ
    DE SÃO PAULO

    07/02/2015 16h57

    A Anistia Internacional e o Instituto Baiano de Direito Processual (IBADPP) criticaram, por meio de notas, a atuação da Polícia Militar na ação que deixou 12 mortos em Salvador, na madrugada da última sexta-feira (6).

    Na ação, os policiais da Rondesp (Rondas Especiais da Polícia Militar) entraram em confronto com cerca de 30 suspeitos de planejar um ataque a um caixa eletrônico no bairro do Cabula. A PM trata o caso como autos de resistência –quando o suspeito é morto ao reagir à ação da polícia.

    A polícia afirma que os envolvidos tinham relação com uma facção criminosa conhecida como CP (Comando da Paz), considerada uma das mais perigosas e atuante na periferia de Salvador.

    Segundo a nota divulgada pela Anistia Internacional, testemunhas da ocorrência contestaram a ação da polícia, que diz ter sido recebida a tiros pelos suspeitos.

    "Ao longo dos últimos meses, a Anistia Internacional tem recebido denúncias sobre a abordagem abusiva da Rondesp, com relatos de uso excessivo da força, desaparecimentos forçados e execuções sumárias", completa a nota da entidade, que cobra celeridade e independência nas investigações.

    O Instituto Baiano de Direito Processual divulgou nota manifestando preocupação com as circunstâncias e resultados da operação policial. No documento, o instituto critica as declarações de autoridades do governo da Bahia sobre o caso.

    "Preocupa-nos, ainda, o discurso de exaltação e a continuidade de uma política de segurança pública de guerra, onde a população pobre, em especial os jovens negros, é despida da sua condição humana e passa a ser o inimigo a ser combatido".

    Em entrevista à imprensa na sexta, o major Agnaldo Ceita, responsável pela unidade da polícia que comandou a operação, defendeu a atuação da equipe e disse que a reação foi "proporcional à agressão injusta que nossos policiais sofreram".

    O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou que "não tem nenhum indício" de atuação fora da lei. "A polícia [...] tem que ter a frieza necessária para tomar a atitude certa. E para definir a escolha, muitas vezes, não nos resta muito tempo, são alguns segundos. É igual ao artilheiro quando está de frente para o gol", justificou.

    Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, os nove policiais envolvidos na ação, que não foram afastados do trabalho, entregaram suas armas para perícia de forma espontânea. Ainda segundo a pasta, dos 12 suspeitos mortos, nove tinham passagem pela polícia por crimes com roubo e tráfico de drogas.

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