• Cotidiano

    Monday, 29-Apr-2024 05:17:08 -03

    Mãe e dois filhos gêmeos são assassinados; suposto pai é o suspeito

    MARCELO TOLEDO
    DE RIBEIRÃO PRETO

    17/02/2015 19h56

    Após cinco dias de procura, a Polícia Civil de Uberaba (MG) encontrou os corpos de dois bebês gêmeos, de dois meses, que foram mortos, segundo a polícia, a mando do suposto pai, num caso que envolve reconhecimento de paternidade.

    A mãe das crianças, a comerciária Izabella Gianvechio, 22, também foi morta no crime, ocorrido na última quinta-feira (12).

    Naquele dia, Izabella se encontrou com o comerciante Matusalém Ferreira Júnior, 48, o suposto pai das crianças Lucas e Ana Flávia. Casado e com filhos, ele relutava em assumir a paternidade dos novos filhos, segundo familiares e amigos da jovem disseram à Folha.

    Numa conversa com uma amiga, Izabella disse que o comerciante, que é de Sacramento (MG), iria levar fotos de seus outros filhos para "comparar" e fazer "tudo certinho". Pediu até para que ela levasse o carrinho dos bebês, para passear num shopping, como é possível escutar no áudio abaixo –gravado e enviado pela mulher através do aplicativo para celulares WhatsApp.

    Ouça

    Desde as 16h daquele dia, ela e os filhos não foram mais vistos. O corpo de Izabella foi encontrado no mesmo dia em Aramina, cidade do interior paulista distante 45 quilômetros de Uberaba.

    Só que, sem documentos –e como o pequeno município não tem geladeira para conservar corpos–, foi enterrada como indigente.

    A polícia mineira, que já investigava o caso após denúncia da família, descobriu dois dias depois que o corpo enterrado em São Paulo era o de Izabella, que foi levado para Uberaba e sepultado no último domingo.

    As crianças, no entanto, permaneciam desaparecidas, o que motivou uma campanha de amigos e familiares em redes sociais.

    Reprodução
    Izabella Marquez Gianvechio, que foi assassinada, e os dois filhos gêmeos que estão desaparecidos
    Izabella Marquez Gianvechio e os filhos gêmeos que também foram assassinados

    "Sempre tivemos esperanças, até o fim, de que as crianças estivessem vivas e escondidas em algum lugar. Infelizmente não foi isso o que ocorreu", afirmou Marcos Souza, primo de Izabella e que liderou a campanha.

    Ele e ao menos outras 50 pessoas foram para a porta da delegacia onde Ferreira Júnior prestou depoimento nesta terça-feira (17). Quando saiu para uma diligência com policiais, foi hostilizado pelo grupo.

    Com mandado de prisão temporária decretada, ele viu o cerco se fechar após a polícia divulgar fotos suas e imagens de uma câmera de segurança que mostram seu veículo parando numa rotatória para pegar um outro homem após ter se encontrado com Izabella.

    Na delegacia, Ferreira Júnior confessou parcialmente o crime e confirmou a identidade desse coautor, segundo a delegada Carla Garcia Bueno, da Delegacia de Orientação e Proteção à Família.

    Ainda de acordo com ela, ele admitiu ter tido relacionamento com Izabella e disse que era possível ser o pai das crianças.

    Os corpos dos bebês foram achados num local quatro quilômetros distante do corpo da mãe, próximo a uma arma, supostamente usada nos assassinatos.

    Apesar disso, a causa da morte dos gêmeos dependerá de perícia, segundo a delegada, pois os corpos estavam em avançado estado de decomposição. Assim como Izabella, a polícia crê que os bebês foram mortos na quinta-feira.

    O coautor está sendo procurado por policiais em Sacramento na noite desta terça.

    O carro de Ferreira Júnior usado no crime foi encontrado carbonizado na manhã desta terça-feira numa lavoura de café em Pedregulho, também no interior de São Paulo.

    O comerciante negou ter colocado fogo propositalmente no veículo. A polícia trabalha com a hipótese de que o coautor tenha feito isso. Sacramento fica 64 quilômetros distante de Pedregulho.

    Ferreira Júnior será levado para a Penitenciária de Uberaba, e deve ficar isolado dos demais detentos. A Folha não conseguiu falar com seus advogados.

    Procurada pela Folha, a mãe de Izabella, Ana Beatriz Gianvechio, 44, afirmou não ter condições de falar sobre o assunto. Até a chegada de Ferreira Júnior à delegacia, ela alimentava esperanças de recuperar os netos e criá-los.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024