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    Carlos Marino Silva Urbim (1948-2015) - O gaúcho da fronteira e a literatura infantil

    ANDRESSA TAFFAREL
    DE SÃO PAULO

    18/02/2015 00h00

    As incursões do pequeno Carlos Urbim pela uruguaia Rivera para comprar retróses de linha para a mãe revelaram que aquele guri de Santana do Livramento tinha algo de diferente dos demais.

    Ao longo da vida, porém, não foi o daltonismo, que tantas vezes o fez levar a encomenda errada, que o destacou. O talento para as letras é que realmente o distinguia.

    Aquela infância em portunhol, o vai e volta entre a cidade gaúcha e a uruguaia, os brinquedos artesanais e a impossibilidade de identificar certas cores permeavam as histórias que fizeram de Carlos um dos principais escritores da literatura infantil no Rio Grande do Sul. Seu primeiro livro, "Um Guri Daltônico", é um exemplo disso.

    Morador de Porto Alegre desde os tempos da faculdade de jornalismo na UFRGS (Federal do Rio Grande do Sul), nunca perdeu o "sotaque fronteiriço", que ficava mais forte, propositalmente, quando falava com crianças.

    A leitura diária de poesias de Mario Quintana, de "As Aventuras do Avião Vermelho", de Erico Verissimo, e de clássicos infantis para os dois filhos pequenos despertaram seu lado escritor.

    Antes conhecido nas principais redações gaúchas, tornou-se membro da Academia de Letras do Estado e patrono da Feira do Livro de Porto Alegre, além de inspiração para os novos leitores.

    Na sexta (13), quando embarcaria para o Rio para assistir aos desfiles na Sapucaí, deixou Alice, ex-aluna e sua mulher desde 1975, os filhos, Emiliano e Glauco, o neto, Miguel, e dois livros inéditos.

    Aos 67 anos de idade, não resistiu a mais um aneurisma.

    coluna.obituario@uol.com.br

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