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    Secretário de Franca chora e admite possível fraude em obras de creches

    GABRIELA YAMADA
    DE RIBEIRÃO PRETO

    20/02/2015 16h09

    O secretário de Planejamento Urbano de Franca (a 400 km de São Paulo) chorou durante depoimento na Câmara Municipal e reconheceu que pode ter havido irregularidades em obras de quatro creches municipais, responsabilidade de sua pasta.

    As unidades deveriam ter sido entregues em junho do ano passado, mas as obras estão abandonadas.

    Nicola Rossano foi ouvido na quinta-feira (19) em uma sessão extraordinária, após convocação pelos vereadores.

    O secretário disse que desconfiou de irregularidades em setembro passado, após verificar que as obras estavam atrasadas.

    Em dezembro, disse, descobriu que a construtora contratada, FFC Engenharia e Construções Ltda., havia terceirizado o serviço a outra empresa, o Grupo J Construtora e Empreendimentos. Este, por sua vez, repassou as obras a dois empreiteiros.

    Toda a tramitação ocorreu sem autorização da prefeitura, segundo Rossano.

    O secretário declarou que, ao descobrir a manobra, a administração municipal suspendeu os pagamentos e abriu uma auditoria interna.

    Segundo o secretário, é possível que documentos tenham sido falsificadas por dois engenheiros municipais, responsáveis pela fiscalização das obras.

    Na Câmara, Rossano afirmou ainda que os dois engenheiros citados foram afastados da função e que, enquanto a auditoria não terminar, exercem apenas serviços administrativos.

    "O secretário não afirmou, no entanto, qual o prejuízo para os cofres da prefeitura", disse o vereador Daniel Paulo Radaeli (PMDB), que estava presente na sessão.

    Para o Ministério Público, que instaurou uma ação civil contra a construtora, dois empreiteiros e dois engenheiros da prefeitura, há a suspeita de desvio de R$ 561 mil.

    A abertura da ação da Promotoria ocorreu após trabalhadores da obra denunciarem que estavam sem receber salários –a falta de pagamento ocorreu em janeiro, depois do bloqueio dos repasses da prefeitura de Franca.

    De acordo com a investigação do Ministério Público, os engenheiros emitiram medições de obras sem que elas tivessem ocorrido.

    À medida que os engenheiros informavam que um serviço fora executado, o governo fazia o pagamento, segundo o promotor Paulo Borges.

    Ele pediu à Justiça o bloqueio dos bens dos supostos envolvidos no esquema.

    Os nomes dos engenheiros não foram divulgados.

    A Folha procurou por telefone os responsáveis pela FFC e pelo Grupo J, mas ninguém foi encontrado até a conclusão desta edição.

    As creches começaram a ser construídas em 2013 nos bairros Jardim Luiza, Palermo City, Quinta do Café e Jardim Guanabara.

    O valor total do contrato entre a administração municipal e a FFC para as obras foi de R$ 6,3 milhões.

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