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    Crise da água

    Em meio à crise, cidade cobra taxa única de água no interior de SP

    GABRIELA YAMADA
    DE ENVIADA ESPECIAL A BARRINHA (SP)

    21/02/2015 02h00

    Lavagem de calçadas com água à vontade, torneiras pingando nos quintais e mangueiras esquecidas abertas. Cenas como essas, cada dia mais raras devido à crise hídrica no Estado, ainda são comuns na cidade de Barrinha, na região de Ribeirão Preto.

    Como não há hidrômetros nos imóveis, é cobrada uma taxa única de R$ 22,51 para o uso da água, retirada do aquífero Guarani. "Independentemente do quanto se usa de água, se é casa ou comércio, o valor pago por todos é o mesmo", diz o secretário de Governo, Luiz Tadeu Giollo.

    A Folha esteve na cidade no último dia 11 e flagrou moradores lavando calçadas. "Se eu não usar água, a sujeira entra em casa. É por higiene", disse uma mulher, que não quis ter o nome divulgado. Ela usava uma lavadora de alta pressão para empurrar a sujeira acumulada na sarjeta.

    A situação persiste mesmo após Barrinha ter enfrentado um rodízio no ano passado. Cada família do município de 30,5 mil habitantes consome em média 1.000 litros de água por dia, segundo a prefeitura, o equivalente a 250 litros por pessoa. O volume supera o gasto per capita em São Paulo (130 litros) e Franca (170 litros), segundo a Sabesp. A Organização Mundial da Saúde indica um consumo diário de 110 litros por pessoa.

    A gestão do abastecimento de água é feita pela prefeitura, que tem prejuízo com a baixa arrecadação pelo serviço –cerca de R$ 50 mil por mês. Só o gasto com a energia elétrica dos 16 poços artesianos é de cerca de R$ 120 mil. O deficit foi questionado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) em 2014. Segundo Marcos Vinícius da Silva, secretário executivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Mogi-Guaçu, a cidade ainda registra perdas de 40% na rede. "Neste momento crítico de seca no Estado, as prefeituras têm de adotar medidas para entrarem no eixo."

    IMPASSE

    Um impasse político, porém, impede que a situação seja resolvida. Em outubro passado, o prefeito Mituo Takahashi (PT) enviou um projeto de lei à Câmara que previa reajuste de R$ 10 na conta e a instalação de hidrômetros individuais. O projeto foi rejeitado.

    Segundo o presidente da Câmara, Saint Clair Marinho Filho (DEM), projeto aprovado em 2009 previa a criação de uma autarquia para a gestão da água. A empresa, que nunca saiu do papel, teria autonomia para instalar os hidrômetros. "O prefeito está querendo tirar a responsabilidade dele e jogar para os vereadores." Procurado, o prefeito não respondeu.

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