• Cotidiano

    Saturday, 04-May-2024 03:20:35 -03

    Embaixador brasileiro recebe nota de protesto do governo da Indonésia

    RICARDO GALLO
    DE SÃO PAULO

    21/02/2015 10h58

    O Ministério das Relações Exteriores da Indonésia entregou em mãos uma nota de protesto ao embaixador brasileiro em Jacarta, Paulo Soares, pelo fato de a presidente Dilma Rousseff ter se recusado a receber as credenciais do novo embaixador indonésio no Brasil, Toto Riyanto.

    As relações entre os dois países ficaram estremecidas após a execução do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, fuzilado em janeiro, e também pela manutenção da pena de morte para outro brasileiro, Rodrigo Gularte. Os dois foram condenados à morte por tráfico de drogas.

    A entrega da nota se deu em reunião na chancelaria da Indonésia, às 22h de sexta-feira (20). Soares havia sido convocado inicialmente para comparecer às 10h deste sábado à chancelaria, mas o encontro foi antecipado. Diplomatas do Itamaraty temiam que, no limite, a Indonésia determinasse que o embaixador brasileiro deixasse o país – o que não aconteceu.

    A apresentação da credencial ao presidente é uma formalidade para oficializar a representação do embaixador no país. O gesto do governo brasileiro foi interpretado como muito forte e gerou um atrito diplomático entre os países. O ato sinaliza a importância que o governo brasileiro dá ao caso.

    Na nota, a Indonésia afirma que não tolerará interferências em seu sistema político e no Judiciário. Ao embaixador brasileiro, os representantes do governo se mostraram irritados diante da atitude da presidente Dilma. Eles disseram que o representante brasileiro sempre foi bem tratado na Indonésia - algo que, segundo avaliaram, não aconteceu quando a presidente decidiu não receber as credenciais de Toto Riyanto.

    Riyanto só foi comunicado da decisão quando já estava no Palácio do Planalto vestido em trajes típicos, como é comum nessas cerimônias.

    Paulo Soares também ouviu que Riyanto voltaria a Jacarta (capital do país) no primeiro voo saído do Brasil, o que deve ocorrer neste sábado (21).

    Procurado pela reportagem, o Itamaraty confirmou que o representante brasileiro participou da reunião e recebeu a nota do governo indonésio, mas informou que não vai comentar o episódio.

    NOVA EXECUÇÃO

    O Itamaraty teme que o episódio possa apressar a execução de Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, condenado à morte por tráfico de drogas. Gularte já não tem mais recursos na Justiça e, em janeiro, o presidente indonésio, Joko Widodo, negou clemência a ele. O governo anunciou que iria executá-lo em fevereiro. Nesta semana, o prazo foi adiado e uma nova data ainda não foi informada.

    Justamente na sexta (20), o Itamaraty havia pedido a internação de Gularte em um hospital psiquiátrico. Ele tem esquizofrenia. O Brasil tenta colocá-lo em um hospital para livrá-lo da execução iminente.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024