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    Hélio Irajá Ricciardi dos Santos (1926-2015) - Um poeta como o amigo Quintana

    ANDRESSA TAFFAREL
    DE SÃO PAULO

    22/02/2015 00h01

    "Na Alegrete adormecida,/ O Aprendiz de Feiticeiro/ Há muito já não pisava/ Há muito já não cantava", poetizou Hélio Ricciardi para o conterrâneo Mario Quintana.

    Mesmo longe, no entanto, Quintana não se absteve de manter contato, por meio de cartas confessionais, com o velho amigo, de quem muito frequentou a casa —era quase um hóspede— antes de deixar a terra natal.

    Hélio, por outro lado, nunca abandonou aquelas terras gaúchas —"Uma das coisas boas foi ter nascido no Alegrete/ É que eu não saberia nascer em outro lugar".

    Ajudou a fazer da literatura produzida na cidade uma grife. Criou a publicação "Cadernos do Extremo Sul", que tornou conhecidos nomes da fronteira. A inclusão de "extremo" no título, aliás, foi sugestão de Quintana, porque "ficava mais bonito".

    Além dos livros ("Diário de um Poeta de Aldeia" foi o principal), assinava duas colunas no próprio jornal, "Gazeta de Alegrete", uma com o pseudônimo Heitor Santos Filho.

    Antes de comprar, em 1964, a publicação onde trabalhou fazendo serviços gerais, vendia doces feitos pela mãe —ficou órfão de pai aos três.

    Ao longo de seus 88 anos, além de jornalista e escritor, foi desenhista, construtor (fez mais de cem casas em Alegrete) e corretor de imóveis.

    Era o "rei" dos conselhos, dados sutilmente. Estava sempre rindo e falando bobagens até com quem ia visitá-lo nos últimos dias de vida.

    Morreu no sábado (14), de complicações de saúde após uma cirurgia no fêmur. Deixa Terezinha, após 63 anos de casamento, três filhos, dez netos e quatro bisnetos.

    coluna.obituario@uol.com.br

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