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    Crise da água

    Creche em Perdizes, em SP, tem seca de 4 dias e dá banho de água mineral

    GIOVANNA BALOGH
    DE SÃO PAULO

    25/02/2015 02h00

    Pais de 50 bebês tiveram que improvisar nesta terça-feira (24). Alguns faltaram ao trabalho, outros acionaram as avós e houve ainda quem levasse o filho para o escritório.

    Muitos reclamaram, mas a creche que os pequenos frequentam, em Perdizes (zona oeste de SP), precisou fechar as portas após ficar quatro dias consecutivos sem água nas torneiras.

    A dona da creche, Ana Alice D'Andrea, 63, conta que desde sexta (20) compra água mineral para dar banho, trocar fraldas e cozinhar para os bebês, de idades entre três meses e três anos e meio.

    A situação, no entanto, ficou mais difícil com o esvaziamento total das quatro caixas-d'água. "Os funcionários tiveram que usar o banheiro de uma padaria", diz Ana Alice, conhecida como tia Ná, do berçário A Turma da Tia Ná.

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Ana Alice D'Andrea, 63, que suspendeu as atividades em sua creche por falta de água
    Ana Alice D'Andrea, 63, que suspendeu as atividades em sua creche por falta de água

    A creche tem ao todo 20 funcionários, que foram dispensados. "O quarteirão todo está sem água. Já fizemos reclamação na Sabesp e ainda não tivemos respostas."

    O fornecimento foi restabelecido na tarde de ontem (24/2), mas tia Ná afirma que abriria a escola nesta quarta (25) de qualquer jeito.

    "Vou pedir para os pais trazerem lenço umedecido e galão de água. Vamos ter que restringir os banhos dos bebês", lamenta ela, que chorou ao falar da situação.

    A adestradora de cães Carla Barbaro Venturelli, 33, diz entender a situação da escola, mesmo precisando levar o filho Raul, 3, para o trabalho.

    "Vou desmarcar alguns compromissos, mas é o jeito", diz Carla, que mora perto da escola e também enfrenta problemas de abastecimento.

    O instituto Alana, órgão de defesa dos direitos das crianças, diz que a falta de água em hospitais, creches e escolas fere a Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente, que determinam que as crianças
    sejam tratadas com "absoluta prioridade".

    "Todas as crianças devem ter direito a água limpa e potável. [Elas] são as que estão mais vulneráveis", diz Pedro Affonso Hartung, advogado do instituto. Segundo ele, direitos básicos das crianças estão sendo violados.

    OUTRO LADO

    Procurada, a Sabesp informou que enviou técnicos na tarde de terça ao local e que está fazendo inspeções nas redes de distribuição para identificar as causas do problema e normalizar o abastecimento na região.

    "O local está em área de gestão da pressão nas redes, medida intensificada para reduzir o índice de perda de água", diz nota da Sabesp. Segundo o site da empresa, em Perdizes a redução da pressão acontece das 13h às 6h.

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