No final da década de 1950, Jean Pierre Barruel de Lagenest dedicou-se a pesquisar o lenocínio (crime de exploração ou facilitação da prostituição) no Brasil. Anos mais tarde, o frade dominicano francês fundaria a Pastoral da Mulher Marginalizada.
A convite do Instituto Joaquim Nabuco, investigou a prostituição no Recife em 1966 e 67. Os resultados foram tão impactantes que a entidade preferiu não divulgá-los. A atividade envolvia quase uma em cada dez mulheres, além de crianças.
Por seu trabalho, que incluía a reinserção social das vítimas, tornou-se assessor da ONU (Organização das Nações Unidas) para casos de exploração sexual e de tráfico de mulheres no mundo.
Frei Barruel chegou ao Brasil em 1946. Com formação em filosofia, teologia, sociologia e psicanálise, lecionou no serviço social da PUC-SP. Foi ainda conselheiro espiritual do movimento católico Equipes de Nossa Senhora.
Alegre e sociável, não dispensava o pão nas refeições e atribuía sua longevidade ao trabalho e ao hábito de comer à noite apenas um ovo cru.
Contou sua história com humor e perspicácia em "O Fio de Ariadne - Recordações", com versão para o francês.
Em novembro, gozando de boa saúde, disse a amigos que pressentia que não viveria mais que quatro meses.
No sábado (21), fez a barba, aparou os cabelos, arrumou-se e foi caminhar pela casa de repouso onde estava quando teve um infarto. Aos 96 anos, deixa familiares na França.
A missa do sétimo dia será no sábado (28), às 12h15, na paróquia São Domingos, na zona oeste paulistana.