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    Casos de dengue aumentam 163% em SP; uma morte está sendo investigada

    MONIQUE OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    26/02/2015 18h43

    Em tendência de forte alta em relação ao ano passado, a dengue já atingiu 563 pessoas entre 4 de janeiro e 24 de fevereiro deste ano em São Paulo, ante 214 em relação ao mesmo período do ano passado.

    O aumento é de 163%, segundo boletim divulgado nesta quinta-feira (26) pela Secretária Municipal da Saúde. Se comparadas as quatro primeiras semanas de 2014 e 2015, o incremento é ainda maior, de 171%.

    As notificações (que agregam casos não contraídos em São Paulo, mas diagnosticados na cidade) também aumentaram. Foram 2.708 em 2015, contra 1.440 no ano passado.

    A morte de uma idosa na Brasilândia (zona norte) está sendo investigada. Se confirmado óbito por dengue, será a primeira morte neste ano. Em 2014, 14 pessoas morreram.

    A região norte continua amargando a maior incidência de casos no município. O bairro do Jaraguá teve 92 casos, seguidos da Brasilândia (80) e Limão (42).

    As quatro primeiras semanas do ano já indicavam a alta na região norte. Foram 4,9 casos para cada 100 mil habitantes na zona norte, seguidas pelas zonas oeste (2,2), sul (1,9) e leste (0,6).

    Ainda, a secretaria registra no município quatro casos da febre chikungunya, doença viral semelhante à dengue. Os casos, entretanto, são "importados" e vieram principalmente da América Central.

    FALTA DE CARROS

    A Folha informou no dia 13 que havia falta de carros na região norte para o transporte dos agentes de combate ao Aedes aegypti, vetor da dengue, mas a prefeitura minimizou o problema nesta quinta (26).

    "Os agentes gostam de falar o que não sabem direito", diz Paulo Puccini, secretário adjunto da saúde. "Há 300 carros disponíveis da Covisa [Coordenação de Vigilância em Saúde]."

    Os carros atendem, no entanto, todo o município de São Paulo e a região continua desassistida, segundo agentes.

    A prefeitura credita o aumento na região à falta de água, que teria contribuído para acúmulo de água limpa sem proteção.

    EXPLICAÇÕES

    Já para explicar o aumento de casos em todo o município, a secretaria apresentou os argumentos clássicos atrelados a características da doença, como a chegada do verão, as altas temperaturas, a incidência em surtos a cada 3 anos e a entrada de novos tipos de vírus.

    O infectologista Marcos Boulos, professor da Faculdade de Medicina da USP, no entanto, diz que a situação da dengue em São Paulo já é endêmica e ocorre todos os anos, o ano inteiro.

    "A dengue não é mais sazonal. No ano passado, houve incidência o ano inteiro", explica.

    Em relação ao aumento em 2015, o infectologista diz que houve falha na prevenção. "O que se tem notado, principalmente em municípios com poucos recursos, é um afrouxamento no combate do mosquito antes do verão."

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